Dois fatos ocorridos nesta semana na Região Metropolitana colocaram em confronto as polícias Civil e Militar. O acirramento das divergência entre as corporações ocorreu após o indiciamento de quatro PMs por um controverso tiroteio que envolveu brigadianos e agentes do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), em Canoas, em outubro. Na quinta-feira, um novo capítulo da tensão: em Gravataí, um delegado plantonista se recusou a autuar em flagrante suspeitos conduzidos pela BM.
Os dois embates colocaram ontem em cantos opostos integrantes das duas corporações, em um dia de reuniões no Palácio da Polícia e no QG da Brigada Militar, na Capital.
Um dos episódios discutidos, o confronto entre policiais civis e militares que estavam em viaturas discretas na Rua Gildo de Freitas, no bairro Estância Velha, em Canoas, na madrugada de 4 de outubro, teve um desfecho nesta semana, quando duas investigações sobre o caso chegaram a resultados antagônicos.
Um dia depois de a BM concluir sua apuração, apontando que não houve falha na conduta dos PMs, o inquérito da Polícia Civil terminou com o indiciamento dos brigadianos por tentativa de homicídio de cincos agentes do Denarc.
Uma coleção de falhas marcou o episódio que ganhou agora contornos de rixa entre as corporações: ambas as equipes naquela noite consideraram o veículo da outra polícia suspeito. E ambas demoraram a se identificar. Resultado: quando os agentes do Denarc se aproximaram do veículo dos PMs, eles fugiram. Em um beco próximo, integrantes das duas corporações resolveram o impasse à bala. Passados dois meses e meio, duas perguntas que parecem sem respostas definitivas: quem atirou primeiro? E por quê?
Para a delegada Anita Klein, não resta dúvida de que os quatro PMs à paisana cometeram um crime. O grupo foi indiciado por tentativa de homicídio intencional dos cinco agentes do Denarc que estavam em dois carros – um dos policiais acabou ferido.
– Os PMs fugiram para um beco, onde se entrincheiraram. Quando os policiais civis entraram ali, os PMs atiraram. Ouvimos moradores de residências dali, que confirmam essa versão – explicou ela.
Secretário da Segurança preferiu não se manifestar
A conclusão da delegada em nada se aproxima da constatação do Inquérito Policial-militar (IPM). A investigação militar (que só apura a conduta de PMs) não constatou irregularidades na atitude dos brigadianos à paisana. Os detalhes da investigação não foram divulgados. Apenas se sabe que os PMs afirmaram ter resistido à abordagem dos agentes do Denarc porque esses últimos não teriam se identificado.
– O IPM foi para a Justiça Militar. Durante a apuração de todo o fato não foi constatadas falhas no procedimento dos PMs, que estavam em serviço – explicou o comandante da unidade, tenente-coronel Mário Ikeda.
Procurado por telefone, o secretário da Segurança Pública, Airton Michels, preferiu não comentar o assunto.
Tenente Coronel Mário Ikeda,comandante do 15º BPM - "O nosso inquérito não constatou crime militar, os PMs agiram corretamente."
Delegada Anita Klein,titular da 3ª DP de Canoas - "Moradores teriam confirmado a versão de que os PMs atiraram primeiro."
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