A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
OPERAÇÃO DESASTRE - PM E REFÉM MORTOS
Ao investigar um sequestro de dois moradores do Paraná mantidos reféns no Rio Grande do Sul, a polícia paranaense deflagrou um episódio trágico que resultou na morte de dois inocentes e em um mal-estar entre os governos dos dois Estados - Participaram desta cobertura Carlos Wagner, Eduardo Torres, Francisco Amorim, Humberto Trezzi e Pedro Moreira - ZERO HORA 22//11/2011
Ações confusas e desintegradas das polícias civis paranaense e gaúcha terminaram ontem em dupla tragédia, em Gravataí. Os agentes tentavam acabar com o sequestro de dois empresários do Paraná, mantidos em cativeiro no Estado. Ao investigar o caso, os policiais mataram dois inocentes. Um sargento da BM, confundido com bandido, foi morto por agentes paranaenses. Em outro ato, policiais civis gaúchos tentaram impedir a fuga dos sequestradores, e um dos reféns acabou morto.
A falta de comunicação entre as polícias abriu uma crise entre os dois Estados. O governador Tarso Genro não economizou críticas aos policiais paranaenses, mas silenciou sobre a ação dos agentes gaúchos.
– Foi uma ação profundamente ilegal e irresponsável da polícia do Paraná aqui no Estado do Rio Grande do Sul. E como foi ilegal e foi irresponsável, eu quero dizer que ela está sob suspeição. O que esses policiais vieram fazer aqui? – questiona o governador.
Ainda sem saber das declarações de Tarso, o governo do Paraná minimizou o episódio. O governador Beto Richa deixou para o Departamento da Polícia Civil paranaense lançar nota oficial. O documento ressalta o fato de o sargento gaúcho não ter se identificado como policial e, após a morte dele, os agentes paranaenses terem agido “com a postura mais adequada possível”, solicitando socorro à vítima e se apresentando às autoridades.
Policiais tiveram prisão decretada
O primeiro incidente aconteceu à 1h30min de quarta-feira, quando o sargento da BM Ariel da Silva, 40 anos, foi atingido por quatro disparos na Avenida Sílvio de Freitas, em Gravataí. Os tiros foram dados por policiais civis do Grupo Tigre, unidade de elite da polícia paranaense. Sem se identificar, eles procuravam o cativeiro dos reféns. Conforme os agentes, o militar pilotava uma moto e os abordou, armado. Ele teria feito pelo menos quatro disparos e atingido o carro que eles ocupavam. Um dos agentes disparou uma rajada de submetralhadora calibre .40, matando o PM.
Os policiais tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça gaúcha.
– Há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos – ressalta o pedido feito pelo promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores, de Gravataí.
Os agentes envolvidos nesse primeiro tiroteio estão detidos em Curitiba (PR), para onde tinham voltado após prestar depoimento em Gravataí.
A segunda morte aconteceu 12 horas depois da primeira. Uma segunda equipe de policiais civis paranaenses prosseguiu na investigação do sequestro e avisou policiais gaúchos sobre o possível local de cativeiro. Na tentativa de libertar os reféns, dois delegados gaúchos tirotearam com os sequestradores. Um dos empresários, Lírio Persch – natural de Novo Hamburgo, mas residente no Paraná – morreu e o outro, Osmar José Finkler, foi ferido por mordidas de cães da BM.
O delegado Ranolfo Vieira Junior, chefe da Polícia Civil gaúcha, considera que não ocorreram falhas na ação:
– Não se tratou de estourar cativeiro. Eles depararam com os bandidos saindo, armados.
O tiroteio aconteceu num sobrado da Rua Doutor Luiz Bastos do Prado, atrás da Câmara de Vereadores de Gravataí, no Centro. Três sequestradores (dois gaúchos e um paranaense) acabaram presos, com armas e toucas.
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