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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

MORTE DE SGT PM - EVIDÊNCIAS CONTRARIAM VERSÃO DE POLICIAIS

Evidências contestariam versão de policiais, diz comandante da BM. Sargento foi morto a tiros por agentes paranaenses, em Gravataí - RADIO GUAIBA, CORREIO DO POVO ONLINE, 21/12/2011, 13:44

O posicionamento da viatura da Polícia Civil do Paraná durante a troca de tiros em Gravataí que matou o sargento Ariel da Silva contraria o depoimento dos agentes, segundo o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Dirceu Lopes. “Pelas evidências que eu vi, não é lógico que o policial tenha feito a abordagem”, declarou.

Para Lopes, que esteve no local, a informação fornecida pelos policiais paranaenses é contraditória. “O que nós verificamos é que a moto estava posicionada no meio da rua, e o veículo dos policiais aproximadamente sete metros à frente, em uma posição diagonal. Os policiais confirmaram que eles estavam fazendo um levantamento no local e a moto do sargento teria passado por eles – que não sabiam que se tratava de um sargento –, parado um pouco à frente, e feito o retorno. O sargento teria ido atrás do veículo e abordado os agentes”, declarou. “Esta posição do veículo, na diagonal, é uma posição típica dos veículos policiais quando fazem abordagem”, complementou.

De acordo com o comandante, a experiência profissional do sargento leva a crer que ele não agiria com imprudência: “não é lógica esse tipo de procedimento porque um sargento com 21 anos de serviço e há mais de um ano na inteligência sabe que não se faz abordagem sem supremacia de força. É estranho que ele tenha atuado como dizem os policiais. No mínimo, questionável”.

O exame residuográfico ainda ajudará a esclarecer o caso, segundo o comandante. “Estamos também em busca de testemunhas. Precisamos esclarecer quem fez a abordagem”, acrescentou.

Lopes explicou que o procedimento padrão em casos como esse seria o sargento ligar para o 190 e passar a placa e as características do veículo. O comandante disse que já tinha havido abordagens da BM na área. Apesar de os policiais paranaenses terem permissão para atuar em Gravataí, conforme informou o chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, delegado Ranolfo Vieira Júnior, Lopes disse que “nem a Brigada Militar, nem a Polícia Civil e nem a Secretaria de Segurança sabiam da presença deles no local”.

Polícia Civil do Paraná divulga nota

O Departamento da Polícia Civil do Paraná divulgou nesta quarta-feira nota oficial onde lamenta “o fato que resultou na morte de um sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul”. A nota diz que uma equipe do Grupo Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial (Tigre) foi deslocada ao Estado para investigar uma quadrilha que praticaria extorsão mediante sequestro. A Polícia Civil disse ainda que “os policiais, armados de pistola, relataram que estavam sendo seguidos por um homem em uma motocicleta. Até que, em um semáforo, o homem abordou o veículo dos policiais. Houve troca de tiros culminando com a morte do homem identificado posteriormente como sargento da Brigada Militar”.

Os policiais teriam então solicitado socorro e prestado depoimentos. “Os policiais envolvidos no caso retornaram para Curitiba, já que entregaram suas armas e considerando suas condições psicológicas, abaladas com o fato”, prossegue a nota.

“As armas e o veículo utilizado pela equipe do Grupo Tigre ficaram retidos para perícia. A Polícia Civil do Paraná informa que a equipe tinha o objetivo de oficializar o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do Rio Grande do Sul, quanto à presença dos policiais paranaenses, logo pela manhã. As investigações no Rio Grande do Sul sobre os crimes de extorsão continuam, com o apoio da Polícia Civil local”, conclui.

Profissional tranquilo

De acordo com Lopes, que trabalhava com o sargento há cerca de dez anos, ele era um profissional tranquilo e equilibrado. “Não era da sua índole agir isolado. O que ele poderia ter feito, talvez, é tentar visualizar a placa. Mas ele, isoladamente, ter feito a abordagem, eu acho no mínimo estranho”.

O comandante do 17º BPM disse que o velório do sargento está previsto para começar às 18h30min, no Cemitério Parque Memorial da Colina, e o sepultamentoi deve acontecer na manhã desta quinta-feira.

Entenda o caso

O 1º sargento do serviço de inteligência da Brigada Militar Ariel da Silva foi atingido por cinco disparos de fuzil por volta da 1h30min desta quarta-feira, em Gravataí. O policial militar estava de folga quando teria trocado tiros com policiais civis do Paraná. Os agentes, que teriam permissão para atuar na cidade, teriam dito que pensaram se tratar de um assalto.

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