ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A ESTRANHA PRISÃO DO CORONEL DJALMA BELTRAMI


JORGE DA SILVA, JorgeDaSilva.blog.br. 21 de dezembro de 2011

Qualquer policial recruta, civil ou militar, sabe que, na barganha com bandidos, os policiais corruptos quase sempre alegam, com o objetivo de aumentar o butim, que precisam levar a parte dos de cima. Na maioria dos casos, não é verdade, como já se comprovou em outras ocasiões. O tenente-coronel Djalma Beltrami foi acusado e preso porque, numa escuta telefônica, um dos policiais envolvidos pede aumento da propina para si, os colegas de equipe e para o “Zero 1”, insistindo, ante a incredulidade do bandido, que era intermediário daquele.

O delegado encarregado da apuração afirma à imprensa que a escuta é suficiente para incriminar o tenente-coronel; que ele não tem dúvida do seu envolvimento, porém não apresenta nada mais do que a referida escuta. Bem, não vou entrar no mérito, mas se o delegado não possui outros elementos, além dos que foram repassados à mídia (…); se baseou a sua convicção apenas na gravação, estamos diante, no mínimo, de uma precipitação, dele e de quem ordenou a prisão, o que, na hipótese, seria uma temeridade.

Independentemente de se discutir a culpa ou não do coronel Beltrami, no entanto, convido os leitores do blog a discutirem outros aspectos da questão:

1 – Por que, por mera suspeita, prender o coronel? Para quê?

2 – Por que prendê-lo na chegada ao batalhão que comandava, e não ao sair de casa, antes de ir para o quartel?

3 – Como foi que a mídia adivinhou que ele seria preso ao chegar ao quartel?

4 – A quem interessa a execração pública, por mera suspeita, de um comandante de batalhão da PM e da instituição Polícia Militar?

Muito estranho…

(Cont…). 24 de dezembro de 2011

A discussão sobre a prisão do coronel Beltrami tem-se concentrado num aspecto técnico-jurídico de relevância duvidosa, ou seja, se havia ou não, nas escutas, elementos que justificassem o convencimento do delegado, e o do juiz para decretar a prisão. Ora, trata-se de uma questão subjetiva, não sendo esta a questão central. Imaginemos, no entanto, que o convencimento tivesse decorrido de provas materialmente cabais, cristalinas e irrefutáveis. O que deveriam fazer?

Não é o caso de trazer à discussão o fato de o RJ contar com uma organização administrativo-judiciária bem estruturada. Mas não custa perguntar o seguinte, já que se concluía que um comandante de batalhão PM, no exercício do comando, teria cometido um crime relacionado com a atividade policial-militar: E o papel do juiz auditor da Auditoria da Justiça Militar do RJ? E o do MP junto à Auditoria? E se, na escuta, aparecesse um oficial alegando que precisava de mais dinheiro para o “Zero 1” da PM? Pela lógica do delegado e do juiz de São Pedro D’Aldeia (…), seria o caso de concluir que o comandante-geral da PM deveria ser preso no seu gabinete, no Quartel-General da Rua Evaristo da Veiga, em paralelo à entrevista do investigador à TV?

São perguntas que acrescento às formuladas na postagem anterior, adiante, e que aqui repito:

1 – Por que, por mera suspeita, prender o coronel? Para quê?

2 – Por que prendê-lo na chegada ao batalhão que comandava, e não ao sair de casa, antes de ir para o quartel?

3 – Como foi que a mídia adivinhou que ele seria preso ao chegar ao quartel?

4 – A quem interessa a execração pública, por mera suspeita, de um comandante de batalhão da PM e da instituição Polícia Militar?

Bem, estas é que são as questões cruciais, e não ficar discutindo quem era o “zero um” e se o “zero um”, fosse quem fosse, sabia do que se passava; e se os dados da investigação eram suficientes ou não. Ficar preso a essa pendenga é clara tentativa de desviar o foco do real problema.

Arremato: por que e para quê a entrevista do delegado à TV? Quem ganha com tudo isso? Resposta: os bandidos, de fora e de dentro.

PS. Só temo que o coronel Beltrami, com culpa ou sem culpa, tenha o mesmo fim do Cordeiro da fábula de La Fontaine.

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