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JORGE DA SILVA, JorgeDaSilva.blog.br. 21 de dezembro de 2011
Qualquer policial recruta, civil ou militar, sabe que, na barganha com bandidos, os policiais corruptos quase sempre alegam, com o objetivo de aumentar o butim, que precisam levar a parte dos de cima. Na maioria dos casos, não é verdade, como já se comprovou em outras ocasiões. O tenente-coronel Djalma Beltrami foi acusado e preso porque, numa escuta telefônica, um dos policiais envolvidos pede aumento da propina para si, os colegas de equipe e para o “Zero 1”, insistindo, ante a incredulidade do bandido, que era intermediário daquele.
O delegado encarregado da apuração afirma à imprensa que a escuta é suficiente para incriminar o tenente-coronel; que ele não tem dúvida do seu envolvimento, porém não apresenta nada mais do que a referida escuta. Bem, não vou entrar no mérito, mas se o delegado não possui outros elementos, além dos que foram repassados à mídia (…); se baseou a sua convicção apenas na gravação, estamos diante, no mínimo, de uma precipitação, dele e de quem ordenou a prisão, o que, na hipótese, seria uma temeridade.
Independentemente de se discutir a culpa ou não do coronel Beltrami, no entanto, convido os leitores do blog a discutirem outros aspectos da questão:
1 – Por que, por mera suspeita, prender o coronel? Para quê?
2 – Por que prendê-lo na chegada ao batalhão que comandava, e não ao sair de casa, antes de ir para o quartel?
3 – Como foi que a mídia adivinhou que ele seria preso ao chegar ao quartel?
4 – A quem interessa a execração pública, por mera suspeita, de um comandante de batalhão da PM e da instituição Polícia Militar?
Muito estranho…
(Cont…). 24 de dezembro de 2011
A discussão sobre a prisão do coronel Beltrami tem-se concentrado num aspecto técnico-jurídico de relevância duvidosa, ou seja, se havia ou não, nas escutas, elementos que justificassem o convencimento do delegado, e o do juiz para decretar a prisão. Ora, trata-se de uma questão subjetiva, não sendo esta a questão central. Imaginemos, no entanto, que o convencimento tivesse decorrido de provas materialmente cabais, cristalinas e irrefutáveis. O que deveriam fazer?
Não é o caso de trazer à discussão o fato de o RJ contar com uma organização administrativo-judiciária bem estruturada. Mas não custa perguntar o seguinte, já que se concluía que um comandante de batalhão PM, no exercício do comando, teria cometido um crime relacionado com a atividade policial-militar: E o papel do juiz auditor da Auditoria da Justiça Militar do RJ? E o do MP junto à Auditoria? E se, na escuta, aparecesse um oficial alegando que precisava de mais dinheiro para o “Zero 1” da PM? Pela lógica do delegado e do juiz de São Pedro D’Aldeia (…), seria o caso de concluir que o comandante-geral da PM deveria ser preso no seu gabinete, no Quartel-General da Rua Evaristo da Veiga, em paralelo à entrevista do investigador à TV?
São perguntas que acrescento às formuladas na postagem anterior, adiante, e que aqui repito:
1 – Por que, por mera suspeita, prender o coronel? Para quê?
2 – Por que prendê-lo na chegada ao batalhão que comandava, e não ao sair de casa, antes de ir para o quartel?
3 – Como foi que a mídia adivinhou que ele seria preso ao chegar ao quartel?
4 – A quem interessa a execração pública, por mera suspeita, de um comandante de batalhão da PM e da instituição Polícia Militar?
Bem, estas é que são as questões cruciais, e não ficar discutindo quem era o “zero um” e se o “zero um”, fosse quem fosse, sabia do que se passava; e se os dados da investigação eram suficientes ou não. Ficar preso a essa pendenga é clara tentativa de desviar o foco do real problema.
Arremato: por que e para quê a entrevista do delegado à TV? Quem ganha com tudo isso? Resposta: os bandidos, de fora e de dentro.
PS. Só temo que o coronel Beltrami, com culpa ou sem culpa, tenha o mesmo fim do Cordeiro da fábula de La Fontaine.
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