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sábado, 7 de abril de 2012

POLICIAIS NA TROPA DE CACHOEIRA


TROPA ILEGAL. Cachoeira contava com apoio de rede de policiais. Dois delegados federais e 30 policiais militares estariam encarregados de vazar dados sobre repressão - ZERO HORA 07/04/2012

Além de elos com políticos, a organização criminosa comandada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira tinha sob suas ordens um verdadeiro destacamento policial. Dois delegados da Polícia Federal e 30 policiais militares vazavam informações privilegiadas sobre a repressão a jogos ilícitos em Goiás e nos arredores de Brasília.

De acordo com investigações da Operação Monte Carlo, que levou o contraventor à prisão em fevereiro (acusado de comandar uma rede de jogos ilegais), R$ 200 mil teria sido o valor pago por Cachoeira para contar com os serviços do delegado federal Fernando Antonio Heredia Byron Filho, também preso na operação.

Byron integrava o time de interlocutores de Cachoeira que, como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), se comunicava com o contraventor por meio de aparelhos de rádio Nextel habilitados no Exterior para tentar escapar de escutas telefônicas. O uso do telefone foi um dos motivos que acabaram colocando Demóstenes em xeque nas últimas semanas. Ele deixou o DEM e agora luta para preservar o mandato no Senado por Goiás.

O papel de Byron era garantir a exploração de máquinas de caça-níqueis, vazar e direcionar investigações, a pedido de Cachoeira, a quem se refere como “guerreiro velho”. O contraventor o chamava de “doutor”.

Em agosto do ano passado, Byron prestou contas de um serviço para o contraventor e aproveitou para pedir um adiantamento de dinheiro para pagar um apartamento. A conversa telefônica foi interceptada pela Operação Monte Carlo.

As investigações mostram que Carlinhos Cachoeira mantinha esquema de contatos políticos e com agentes da área de segurança, para garantir prosperidade aos seus negócios. Demóstenes transitou nos dois grupos.

Delegado cooptado chegou a investigar contraventor

Preso na Operação Monte Carlo, o comandante da Polícia Militar de Luziânia (GO), major Uziel Nunes dos Reis, também estaria entre os que prestaram serviço a Cachoeira. Em agosto do ano passado, o major teria contribuído para evitar o fechamento de bingos clandestinos pela Força Nacional de Segurança.

A apreensão de máquinas caça-níqueis no entorno de Brasília abalava a contabilidade do grupo. Uma única casa de jogos clandestina faturava cerca de R$ 1 milhão por mês.

Um outro delegado federal preso na operação, Deuselino Valadares dos Santos teria sido cooptado quando chefiava a Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros da Superintendência da PF em Goiânia. Auditores fiscais atestaram enriquecimento do delegado, que seria incompatível com os rendimentos declarados.

Em 2011, ano em que foi afastado do cargo, Deuselino e sua mulher teriam comprado à vista uma fazenda no município de Juarina (TO), por mais de R$ 1 milhão. Ela ainda seria sócia do bicheiro em uma empresa de segurança.

Antes de supostamente ser cooptado, Deuselino assinou relatório de outra investigação, no qual Demóstenes aparecia como destinatário de 30% dos ganhos de Cachoeira. Segundo reportagem da revista Carta Capital, um último relatório assinado pelo delegado, em maio de 2006, exibia, com detalhes, o esquema do “proprinoduto” de Cachoeira, do qual passaria a fazer parte.


As ligações

- A relação entre Demóstenes Torres e Carlinhos Cachoeira começou quando o senador foi secretário de Segurança em Goiás, no primeiro mandato do governador Marconi Perillo (PSDB).

- Isso ocorreu antes de o contraventor aparecer como pivô do primeiro escândalo do governo Lula, a partir da divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, então subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, subordinado ao então ministro José Dirceu, foi flagrado negociando propina com o contraventor.

- As ligações de Demóstenes com Cachoeira foram investigadas pela PF em 2008, em outra operação de combate ao jogo ilegal, a Las Vegas.

- As conversas do senador com Cachoeira foram grampeadas na ocasião. O inquérito foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República em 2009, mas o procurador Roberto Gurgel optou por não repassar a informação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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