ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 24 de abril de 2012

A FESTA DA POLÍCIA

EDITORIAL ZERO HORA 24/04/2012


Diante do descontrole na guarda de armamentos apreendidos de criminosos e da inoperância na investigação da maioria dos crimes no Estado, o uso indevido de viaturas por policiais que foram à festa de aniversário do chefe de Polícia até pode parecer um tema menor. Mas não é. Servidor público não pode servir-se do patrimônio de todos em benefício próprio. Viaturas policiais são destinadas ao serviço de policiamento. Faz bem o secretário de Segurança, portanto, em pedir a abertura de sindicância, mas fará melhor ainda se der uma resposta exemplar, para assegurar que os erros, por menor que pareçam, não são tolerados.

Certamente, os agentes gaúchos merecem o reconhecimento da sociedade pelo trabalho que realizam, muitas vezes sob condições precárias. São conhecidas as alegações de insuficiência de contingente e delegacias mal aparelhadas, que frequentemente levam cidadãos preocupados com a falta de segurança a cobrar providências por parte do poder público. Mas as reivindicações corporativas perdem força quando uma festa de aniversário se transforma em evento institucional, proporcionando aos agentes benefícios impensáveis para a imensa maioria dos contribuintes.

Além de um desfile de cerca de duas dezenas de viaturas, as mesmas que são consideradas em número insuficiente para os serviços externos, a festa contou até mesmo com policiais fardados do Grupamento de Operações Especiais (GOE) na recepção, fardados e armados. Por mais que esse tipo de situação seja visto como corriqueiro no meio oficial, fica difícil para a população aceitar excessos envolvendo o setor público.

Um Estado que passa a ideia de impunidade pela falta de estrutura para investigar a imensa maioria dos crimes, sem condições até mesmo de controlar armas apreendidas, não pode se valer da máquina pública para festas particulares. Os recursos disponíveis não podem servir para atender a interesses da corporação, mas, sim, para contemplar as reais necessidade da população.



VIATURAS EM FESTA. Polícia vai apurar uso de veículos - CARLOS ETCHICHURY

O uso de viaturas na festa de aniversário do chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Júnior, está sendo apurada pela Corregedoria-geral da Polícia Civil. Ontem, em entrevista à Rádio Gaúcha, Ranolfo disse que foram cobrados convites para o evento e que não houve recursos públicos empregados no jantar.

– Fiquei extremamente chateado, mas bem pior seria se fosse o crime organizado quem estivesse custeando as atividades da Polícia Civil – falou Ranolfo.

Na noite de quinta-feira, o chefe de Polícia comemorou seu aniversário de 46 anos com uma festa em um clube da zona sul da Capital. Nas cinco horas de duração do jantar, na sede de Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), pelo menos 19 viaturas – cinco pretas e brancas e 14 discretas – foram empregadas por delegados e agentes.

O jantar, que contou com a presença de desembargadores, magistrados, promotores e secretários de Estado, entre eles o da Segurança Pública, Airton Michels, movimentou as autoridades gaúchas. Logo na entrada do clube, estava uma caminhonete Blazer, com sinalizador luminoso ligado. Dentro do estacionamento, havia outras duas caminhonetes com sinalizadores.

Imagens de vídeo foram solicitadas a clube

Conforme o corregedor Paulo Grillo, responsável pela apuração, uma sindicância administrativa preliminar visa a confirmar a presença dos carros discretos da corporação no evento:

– O segundo passo, se for o caso, será instaurar uma sindicância administrativa disciplinar. Se houver uso irregular de viaturas, os policiais poderão ser advertidos.

Ontem, agentes solicitaram imagens de vídeo ao clube onde ocorreu o evento.

O caso também será tratado pelo procurador-geral do Ministério Público de Contas, Geraldo Da Camino, que terá audiência com Ranolfo na tarde de sexta-feira.

– O próprio chefe de Polícia pediu para incluir o assunto numa audiência, que já havia sido solicitada. Após o encontro, deverei me manifestar – disse Da Camino.

A assessoria de comunicação social do Ministério Público Estadual informou que órgão se manifestará apenas após a conclusão da sindicância da polícia.

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