Alberto Afonso Landa Camargo- 26 de Abril de 2012 18:37
Ontem assisti um programa televisivo que mostrava ações da polícia federal e da polícia militar do Paraná no cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão.
O que me chamou a atenção é que os agentes da polícia federal, todos, vestiam coletes em que se via, à frente, o emblema da referida polícia e, às costas, a expressão "POLÍCIA FEDERAL".
Os que, presumo, pertenciam à polícia militar, ao contrário, tinham coletes e, às costas, havia a sigla BOPE.
Assisto noticiosos do mundo inteiro e já pesquisei sobre várias polícias de outros países. Em todos há a preocupação dos policiais em se vestirem como tais, com fardas uniformes que permitem que sejam reconhecidos a qualquer momento e por qualquer um. Não entendo, portanto, esta inclinação das polícias militares em usarem fardas muito aquém de qualquer uniformidade, dando preferência para roupas que estão muito mais perto das dos exércitos do que das polícias. A impressão que se tem é que os agentes das polícias militares não querem ser identificados com elas, pois cada um inventa uma farda diferente e adota uma denominação à qual dá muito mais importância do que à da organização a qual pertence.
Será que estamos diante de pessoas que têm vergonha de dizer que são da polícia militar? Por que nos seus coletes balísticos, ao contrário de siglas como BOPE, PACOM, PATRAN, ROTAN, AMBIENTAL, BOE, POE, PQP e outras que, como estas, nada significam para o cidadão, não colocam a expressão "POLÍCIA MILITAR" ou simplesmente "POLÍCIA"?
No mundo inteiro a instituição que cuida da segurança é denominada de polícia. Nas viaturas, nos coletas, nos escudos, ou em qualquer outro local, a palavra "polícia" é predominante e serve para facilitar ao cidadão, nacional ou estrangeiro, a identificação daquele que é responsável pela segurança e a quem recorrer em caso de necessidade. No Brasil, diferente do mundo inteiro, a polícia militar inventa denominações de todos os tipos, menos a de polícia. Por que a polícia militar é diferente de todo o mundo? No Rio Grande do Sul, as viaturas trazem escritas palavras diversas, como Brigada, Ambiental, BOE, Rodoviário, dentre outros, menos aquela palavra conhecida no mundo inteiro: POLÍCIA. A palavra Brigada até que, para os da terra, é identificável. Mas e para os estrangeiros?
Fico assim, imaginando as dificuldades dos pobres estrangeiros que vierem para cá em 2014 durante a copa do mundo e verem uma quantidade imensa de fardas e de viaturas diferentes, algumas camufladas como se fossem carros de combate de alguma força armada, mas nenhuma identificada como "polícia".
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
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