WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Quarta-feira, 30 de Novembro de 2011.
Chego a crer que todos os cidadãos gostariam de sair de casa e deixar sua família protegida, permanentemente, por uma guarnição da polícia ostensiva.
Aqui da minha torre tenho observado a vigilância privilegiada realizada pela Brigada Militar no entorno das residências de autoridades e de seus familiares, especialmente do poder Executivo. Ainda que não estejamos num ambiente em que haja organizações terroristas em busca do poder, não posso deixar de concordar com essas estratégias, pois sempre pode acontecer de um maluco que, até pelo desejo de se tornar, por alguns momentos, uma celebridade, venha a montar um plano belicoso e infantil cujo desfecho pode ser uma tragédia. No entanto, tais esquemas de segurança devem ser, num primeiro plano, discretas, pois não podem denunciar que ali ou acolá está na piscina um netinho da nobreza vigente. Pois as coisas não acontecem sempre assim. Há policiais que estacionam viaturas até mesmo sobre as calçadas - o que implica numa infração de trânsito - e olham carrancudos sobre todos os cidadãos que ali passam, embora sejam tais cidadãos vizinhos da família protegida com o erário. Além disso, cada cidadão pode exigir segurança igual, pois a vida de um operário não tem valor menor do que a de um bunda-mole da nobreza vigente.
Golfinho
Militares que participam de treinamento para a Operação Golfinho ameaçam abandonar o curso de salva-vidas se o valor das diárias que recebem não for reajustado. Os policiais militares também pedem profissionais de saúde e uma ambulância para os alunos em treinamento. O coordenador dos cursos de salva-vidas, major Ricardo Gonzalez, disse desconhecer a intenção do grupo. O incrível é que as reivindicações correspondem ao mínimo que o bom senso exige.
Presídio
Quinze pessoas foram presas em operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas em Santa Rosa, no Noroeste do Estado. A polícia investiga há quase dois anos as ações da quadrilha que agia dentro do presídio regional. Ontem, foram apreendidas drogas, armas artesanais e celulares durante uma revista de rotina. Ora, ora, se a polícia investiga durante este tempo quadrilheiros encarcerados, o que se pode esperar sobre os que circulam em nossas ruas.
Pena de morte
Vinte e três países aplicaram a pena de morte no ano passado, muitos deles após terem evitado executar pessoas durante anos. O relatório é da Comunidade Católica de San Egidio, reunida para um seminário, em Roma, contrário à pena capital. No total, 139 países do mundo retiraram a pena de morte da legislação ou deixaram de aplicá-la, enquanto cinquenta ainda a mantêm.
Farda brigadiana
Hoje, a partir das 14h30min, oficiais superiores da Brigada Militar - de capitão a coronel - estarão na Câmara Municipal de Porto Alegre onde será protocolada uma moção de apoio e solidariedade às reivindicações salariais da categoria. Os oficiais da ativa comparecerão fardados.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
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