Negociação salarial - "Não podemos ser tratados como moleques", diz presidente da associação de delegados. Segundo Wilson Müller, clima é de revolta entre a categoria - ZERO HORA, 07/11/2011 | 09h50
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado (Asdep), Wilson Müller Rodrigues, afirmou nesta manhã que o clima entre os delegados de Polícia Civil é de revolta. Durante o fim de semana, a categoria rejeitou a proposta feita pelo governo, de reajuste de 10%, pago em duas parcelas em janeiro e abril de 2012. Müller criticou a forma com que o governo vem negociando com a categoria:
— Não podemos ser tratados como moleques. Não é assim que se trata uma autoridade pública, e nenhuma outra pessoa — afirmou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Os delegados afirmam que não irão abrir mão da equiparação salarial com procuradores, cujo salário inicial é duas vezes maior daquele com que o delegado inicia a carreira (R$ 7 mil). Segundo Müller, esse é um direito assegurado à categoria por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O anúncio de suspender parte dos trabalhos, divulgado em carta pelos delegados, foi uma válvula de escape para a categoria, afirmou Müller. Conforme o presidente da Asdep, as reivindicações vinham sendo feitas ao governo há tempos, porém, sem receber uma sinalização de quando elas seriam atendidas. Segundo ele, a categoria se diz razoável para discutir prazos, porém, não abre mão de seus direitos.
— Tenho a impressão que o governador Tarso Genro não estava informado do clima de revolta que havia. Só estamos pedindo que o Estado reconheça o nosso direito — afirmou.
"Não acredito que chegaremos a uma situação extrema", afirma Pestana. Categoria planeja boicote caso não seja atendida em reajuste - ZERO HORA, 07/11/2011 | 15h16
O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana, garantiu que os delegados de polícia não ficarão sem resposta do Estado em relação às reivindicações salariais. No fim de semana, a categoria divulgou uma carta — que deve ser entregue hoje ao governo — em que ameaça paralisar diversas atividades, caso os pedidos não sejam atendidos.
— Não acredito que vamos chegar a essa situação extrema — afirmou Pestana. Os delegados afirmam que não irão abrir mão da equiparação salarial com procuradores, cujo salário inicial é duas vezes maior daquele com que o delegado inicia a carreira (R$ 7 mil). No último sábado, rejeitaram a proposta de aumento do governo, que ofereceu 10%, pagos em duas parcelas.
Segundo Pestana, o que falta ainda é um retorno das medidas financeiras que o Estado já vem adotando. A partir daí, serão analisadas as possibilidades de discutir com os delegados a questão da equiparação salarial.
Conforme o secretário, o governo não vai se compromenter com a categoria enquanto não puder definir uma data para cumprir o prometido.
O que os delegados anunciam
— Recusar convites para ministrar aulas e coordenar disciplinas nos cursos de formação da Acadepol
— Não participar das operações Verão, Serra e Fronteira
— Suspender operações que vêm sendo feitas e que geram a chamada "agenda positiva" para o governo
— Colocar cargos à disposição, deixando de exercer as funções de diretor de departamento ou divisão, delegado regional de polícia ou junto à Secretaria da Segurança Pública. A soma chega a cem cargos, entre eles 12 diretores de departamento e 29 delegados regionais.
— Não exceder a carga horária legal (40 horas semanais), gozando as folgas necessárias toda vez que houver convocação para trabalho extraordinário, como sobreavisos e escalas de plantão
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
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