Rebelião na polícia. Delegados anunciam primeiras medidas de boicote ao governo do RS. Categoria não irá participar das operações Verão, Serra e Fronteira, nem coordenar os cursos de formação na Academia de Polícia - RÁDIO GAÚCHA, ZERO HORA, 11/11/2011 | 13h37
Os delegados de polícia anunciaram nesta sexta-feira duas das medidas de boicote ao governo do Estado. A categoria não irá participar das operações Verão, Serra e Fronteira, nem coordenar os cursos de formação na Academia de Polícia, ministrar aulas e autorizar o uso de apostilas. Noventa delegados já manifestaram a desistência nas operações.
A delegada Nadine Anflor, coordenadora das Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher, colocou o cargo à disposição e disse que nenhuma das 15 unidades irá participar do Dia Mundial do Ativismo, em 20 de novembro, quando são oferecidas palestras e atendimento à comunidade.
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep), Wilson Müller, diz que espera que as negociações com o governo avancem.
— Não pode, não creio que um fato desses seja levado com certo desdém pela secretaria de Segurança, com certo desleixo. Isto não pode acontecer. O secretário de Segurança deixou muito claro que é contra o aumento do nosso salário.
Os delegados pedem o realinhamento salarial com os procuradores do Estado e cronograma de pagamento. Uma reunião está marcada para a tarde de segunda-feira com a Casa Civil. Caso não haja acordo, os delegados prometem tomar outras medidas, como boicote a operações de combate ao crime e entrega de cargos em comissão por parte de diretores. A chefia de polícia decidiu não se manifestar quanto à posição da Asdep, porque entende que o processo ainda está em fase de negociação.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
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