SUA SEGURANÇA | Humberto Trezzi - Com testemunhos e gravações - ZERO HORA 239/03/2012
Eis que, quatro meses depois de deflagradas as investigações, a Brigada Militar dá uma resposta à sociedade sobre as badernas realizadas por policiais em meio à sua campanha salarial. Mais de 70 PMs foram investigados e, em se tratando de uma apuração deste tamanho, até que a demora não foi demasiada. Uma crítica que pode ser feita é ao fato do governo ter demorado a agir quando os protestos estavam no auge, mas agora é hora de avaliar o resultado das apurações.
O coronel João Gilberto Fritz, que chefiou a investigação, garante que as provas são robustas. Parte delas é formada por testemunhos, inclusive de colegas dos envolvidos nos protestos, mas a força dos indícios está em gravações feitas com autorização da Justiça e que estão sob sigilo. Os manifestantes teriam comentado sobre as barricadas incendiárias das quais participaram. Além disso, alguns dos próprios autores de vandalismo se autoincriminaram, ao postar vídeos falando das façanhas.
Alguns dos indiciados responderão apenas por transgressões disciplinares, como o apoio prestado aos protestos. Mas pelo menos 13 são responsabilizados por crimes, como ameaça e dano ao patrimônio. O que o corregedor lamenta é que o caso mais grave, o do pacote de explosivos colocado nos fundos do Palácio Piratini com ameaças ao governador, não teve autoria identificada.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 29 de março de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário