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quarta-feira, 21 de março de 2012

FURTO E ROUBO DE VEÍCULOS PODE TER PARTICIPAÇÃO DE POLICIAIS E SERVIDORES

Investigada participação de policiais e servidores - ZERO HORA 21/03/2012

Depois que a dupla contratada roubava o veículo, ela a deixava em uma rua calma, já pré-determinada por Alequissandro Correa de Oliveira. Ele buscava os assaltantes, os deixava em outro lugar e ficava com as chaves. No final da tarde, se o carro não tivesse sido localizado pelo proprietário ou se o rastreador não tivesse sido acionado, ele chamava outra dupla para pegar as chaves e buscar o veículo.

De lá, ele seguia em geral para um sítio na zona sul da Capital. Para esconder o carro no local, até que os documentos e placas falsas ficassem prontas, o grupo pagava R$ 100 de diária por automóvel. As placas eram confeccionadas em um escritório em Viamão, cujo proprietário e permissionário foi preso na semana passada.

A delegada Vivian Calmeieri do Nascimento solicitou também uma auditoria do sistema Consultas Integradas, que contém as informações restritas sobre RGs e documentos de veículos, já que nem todas os dados necessários para o golpe poderiam ser acessadas por quem emite as placas. A hipótese de que policiais civis e militares e servidores do governo gaúcho ou catarinense estejam envolvidos no esquema é investigada.


BANDO NA CADEIA. Polícia prendeu 21 integrantes de grupo responsável por 300 furtos ou roubos em dois anos na Capital - CAROLINA ROCHA, ZERO HORA 21/03/2012

Perfilados em frente à parede no pátio do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), os 21 homens que integravam uma das maiores quadrilhas de roubo e clonagem de veículos de Porto Alegre foram apresentados ontem. O bando seria responsável por furto e roubo de pelo menos 300 carros nos últimos dois anos.

Oito já haviam sido presos na semana passada. O esquema principal era clonar os veículos roubados com documentos de carros que estavam com problemas de financiamento. Depois, eram emplacados e vendidos em Santa Catarina.

– Quem comprava sabia que o carro tinha um problema com a financeira, mas talvez não imaginasse que se tratava de um clone – diz a delegada Vivian Calmeieri do Nascimento, da Delegacia de Roubo de Veículos, do Deic.

Durante a investigação, iniciada em outubro, mais de 20 carros foram recuperados. Os integrantes foram presos aos poucos. Cinco deles já haviam sido detidos preventivamente em São João do Sul (SC), em dezembro. Ao todo, a organização criminosa é composta por 26 pessoas.

A quadrilha era dividida por tarefas. Alguns integrantes roubavam os veículos enquanto outros preparavam documentos, por exemplo. Havia os que guardavam os carros e os que os revendiam. No dia 14 de março, ZH já havia mostrado como agia o grupo, depois que o líder do bando, Ramires Elias Branco da Costa, o Alemão Ramires, 24 anos, foi preso. Ele era responsável pela clonagem dos carros e de encaminhá-los a Santa Catarina.

Também preso, Alequissandro Correa de Oliveira, 32 anos, é considerado um dos cabeças do grupo. Cabia a ele levar os assaltantes até a área escolhida. Conforme os registros policiais, grande parte dos ataques ocorriam na Zona Norte. Em média, três carros eram roubados ou furtados pelo grupo por dia.

A preferência do grupo era agir nas primeiras horas da manhã ou entre o fim da manhã e o início da tarde. O horário do meio-dia era escolhido para atacar próximo a escolas e creches. Com os filhos, pais e mães não esboçavam reação e, assim, ficava mais fácil levar o veículo.

– Eles atuam sempre armados, mas não tivemos ocorrências de latrocínios – afirmou a delegada Vivian.


O esquema

ALEXANDRE LEÃO, Chefe de investigações da Delegacia de Roubos Veículos - "Em geral, quando as pessoas chegam em casa estão mais atentas à movimentação. Mas, quando saem para o trabalho, estão mais relaxadas. Eles se aproveitavam disso e atacavam quando o motorista deixava a garagem logo cedo"

- Carros de modelos novos, a partir de 2010, eram roubados principalmente nos bairros Vila Ipiranga, Vila Jardim, Itu Sabará, Rubem Berta e no eixo da Protásio Alves;

- Por um ou dois dias, os veículos eram deixados em um sítio na zona sul da Capital, a fim de despistar possível localização por GPS e para dar um tempo à clonagem do veículo;

- Nesse período, uma firma autorizada pelo Detran para emplacamentos em Viamão pesquisava veículos em situação de alienação fiduciária em SC, PR, SP e PE. A firma, então, confeccionava placas frias;

- O veículo era enviado aos Estados e colocado à venda na condição de “não-pago” ou “em ação revisional de financiamento”. Os valores: de R$ 5 mil e R$ 10 mil. O comprador sabia que o carro poderia ser retomado pelo banco.

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