Trote é gargalo no atendimento do serviço. por Débora Ferreira, Rádio Itatiaia, 16 de Março de 2012 - POLÍCIA-BR
Deputados mineiros discutem falhas no atendimento do telefone 190. O assunto virou tema de audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, depois de uma série de denúncias de ouvintes da Itatiaia. Quem atende as ligações do 190 não são policiais, são pessoas comuns, pois o serviço é terceirizado.
O chefe do Centro Integrado de Comunicações Operacionais da Polícia Militar (Cicop), tenente coronel PM Marcus Vinícius Veloso Lima, apresentou aos deputados da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa um dado preocupante: apenas 28% dos atendimentos feitos pelo serviço telefônico 190 são relacionados a emergências policiais. As demais chamadas são frutos de trotes ou pedidos de informações gerais.
O tenente fez um diagnóstico sobre o 190, que vem sendo criticado por parlamentares e cidadãos pela demora no atendimento. Segundo ele, o serviço cobre 21 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, totalizando mais de cinco milhões de habitantes. Em 45 cabines de atendimento, 236 teleatendentes recebem cerca de 15 mil ligações todos os dias. “Temos 24 policiais que fazem o controle de qualidade do atendimento feito por servidores civis, mas nosso maior gargalo são os trotes", disse.
O deputado Sargento Rodrigues (PDT) lembrou que o Cicop é o “cérebro” da Polícia Militar, uma vez que reúne dados de inteligência fundamentais ao trabalho da corporação. Para ele, uma forma de agilizar o atendimento é ampliar a divulgação, via meios de comunicação, da importância do 190 e, assim, criar políticas públicas para o segmento. A deputada Maria Tereza Lara (PT) concordou com o colega e destacou a necessidade de maior valorização e qualificação dos atendentes do serviço.
O presidente da comissão, deputado João Leite (PSDB), chamou a atenção para a importância da unificação das polícias Civil e Militar. Para ele, de nada adianta a agilidade do trabalho do 190 se ainda acontecem casos de viaturas ficarem paradas por horas à espera de atendimento nas delegacias. “O 190 depende de outros fatores para agir com eficácia”, alertou.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - A maior falha é a centralização do 190 num órgão acéfalo ao sistema policial. É preciso acabar com a "centralização" promovida pelos Centros de Operações, redistribuindo os serviços de emergência para os órgãos pertinentes aos seus serviços. A EMERGÊNCIA 190 pode se estruturar com um CENTRO METROPOLITANA para atendimento de chamados para guarnições de resposta rápida e de contenção de delitos, restando às Salas de Operações instaladas nas Unidades Operacionais o atendimento dos chamados de polícia comunitária de bairro. Com isto, redefiniria-se a responsabilidade do canal de comando, agilizaria o atendimento e não permitiria que uma viatura de pol com fosse afastada do seu posto ou área de ação da sua unidade. Isto era feito antes e dava resultado. Hoje, o órgão responsável pelo atendimento de chamadas é um departamento político: Secretaria da Segurança. Por isto não funciona.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sexta-feira, 16 de março de 2012
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