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segunda-feira, 12 de março de 2012

MORTE DE JOVEM EM AÇÃO DA BM GERA INDIGNAÇÃO

Morte de jovem gera indignação - EDUARDO TORRES, ZERO HORA 12/03/2012

É com indignação que Iara Costa de Castro, 56 anos, moradora da Vila Gaúcha, em Viamão, fala sobre a morte do filho no começo da noite de sexta-feira. Guilherme Costa de Castro, 18 anos, foi morto com três tiros de metralhadora nas costas por policiais militares que perseguiam um assaltante.

O rapaz vestia chinelos, bermuda e camiseta. A hipótese investigada é de que os PMs tenham se confundido.

– Eles mataram um pedaço de mim de forma brutal. Como pode a polícia aparecer em uma casa e atirar em alguém dessa forma? Meu filho não roubou ninguém e nem estava armado. Vou fazer o que for preciso para limpar o nome dele – desabafa Iara.

Pouco antes das 19h de sexta, dois homens teriam assaltado uma padaria na Vila Santa Cecília. O proprietário perseguiu os bandidos, que atiraram contra ele. Nesse momento, a Brigada Militar já seguia os criminosos. Um deles entrou na Rua Visconde de Macaé, onde Guilherme e amigos conversavam. Ao notar o que acontecia, os jovens teriam corrido para os fundos do pátio, onde fica a casa da irmã de Guilherme.

De acordo com Merielen Costa de Castro, 32 anos, o suspeito havia invadido o pátio vizinho. Pelo menos um policial entrou no pátio pelo muro dos fundos e surpreendeu Guilherme, o último na corrida amedrontada dos amigos para dentro da casa.

– Ele atirou a sangue frio no meu irmão, nem perguntou nada. Meu irmão morreu nos meus braços – disse, entre lágrimas, Merielen.

Os PMs levaram o comerciante até o local, que confirmou o engano. Guilherme não era o assaltante. O rapaz ainda foi levado ao hospital em uma viatura, mas não resistiu aos ferimentos de metralhadora .40 nas costas. A arma foi apreendida pela Polícia Civil e os policiais militares afastados temporariamente das ruas.

PMs dizem ter agido em legítima defesa

Mesmo com a certeza de que Guilherme não era o assaltante, o delegado Edison Frade, da 2ª Delegacia da Polícia Civil de Viamão, ainda considera precipitado concluir que os PMs se enganaram. No depoimento, eles disseram que agiram em legítima defesa. Dizem que o rapaz estava armado, teria apontado uma pistola .380 contra eles e não obedecido a ordem para se render.

Uma testemunha teria confirmado à polícia que o jovem havia comprado uma arma há pelo menos duas semanas, mas a irmã garante que a arma não estava sequer na casa de Guilherme. Uma pistola com numeração raspada foi apreendida na ação.

A conduta dos policiais já é investigada no 18º BPM em um inquérito policial militar (IPM) e eles ainda podem responder por outras atitudes. Segundo a família de Guilherme, a cena do crime foi desfeita por ordem dos próprios PMs.

– Foi um absurdo, quando souberam que o meu irmão estava morto, nos fizeram lavar o sangue do chão. Aí quando os peritos chegaram, não tinha mais nada – diz Merielen.

O delegado Frade confirma que a cena do crime foi lavada, ele investiga ainda a alegação de uma das testemunhas de que teria sido espancada pelos PMs.

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