INVESTIGAÇÃO NA FRONTEIRA. Delegado denunciado por peculato em Uruguaiana - MARINA LOPES | URUGUAIANA/CASA ZERO HORA, 08/03/2012
Titular da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Uruguaiana, o delegado Thiago Carrijo Fraga, 32 anos, e a escrivã da 1ª Delegacia de Polícia de Uruguaiana, Cristiane Rodrigues Carneiro, 27 anos, foram denunciados pelo Ministério Público ontem. Fraga por peculato e Cristiane por receptação. No final da tarde de ontem, a 1ª Vara criminal de Uruguaiana determinou o afastamento de Fraga de sua função.
Conforme a denúncia feita pelo promotor Rodrigo Vieira, no cumprimento de um mandado de prisão na Vila Charqueadas, zona rural de Uruguaiana, em outubro do ano passado, o delegado teria entrado na casa de uma moradora da localidade e pego uma TV da marca Samsung, LCD, 24 polegadas, sem justificativa judicial e sem lavrar auto de apreensão. Ele teria entrado na residência alegando estar procurando fugitivos de um assalto a uma loja e não teria achado qualquer vinculação dentro da casa com o crime. A dona da TV, segundo o promotor, possui a nota de compra do aparelho. Vieira recebeu informações sobre o caso, ouviu testemunhas e pediu à Polícia Federal que cumprisse mandado de busca e apreensão na casa do delegado e da escrivã. Na última sexta-feira, o eletroeletrônico em questão foi encontrado na casa de Cristiane.
– É com tristeza que eu concluo este trabalho, é um colega que deveria estar do lado da lei – disse o promotor.
Fraga ingressou na polícia há cerca de um ano e três meses e está em estágio probatório. Ele também responde a processo por disparo de arma de fogo. Durante o verão, Fraga estava fora de Uruguaiana, chefiando a Operação Fronteira.
O corregedor da Polícia Civil, Paulo Grilo, informou que uma sindicância foi aberta para investigar o caso. Mas a corregedoria já passou à chefia de Polícia uma recomendação de afastamento de ambos os policiais. Até o final da tarde de ontem, o caso de Cristiane estava sendo analisado.
Contrapontos
O que diz o delegado afastado Thiago Carrijo Fraga - “A denúncia não procede, o que ocorreu foi um lapso no inquérito policial, que será comprovado oportunamente. Mais detalhes só darei em juízo”.
O que diz a escrivã Cristiane Carneiro Rodrigues - “Não tenho relação nenhuma com esse caso, não tenho nenhum envolvimento. Mais detalhes só darei em juízo”.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quinta-feira, 8 de março de 2012
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