ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sábado, 17 de março de 2012

PROTESTO CONTRA O ABISMO

WANDERLEY SOARES, O SUL
Porto Alegre, Sábado, 17 de Março de 2012.


O governo tem conseguido dividir em castas todos os diversos segmentos das organizações policiais com a alquimia salarial da cizânia.

Num papo informal com o professor Romeu Karnikowski, cientista atualizadíssimo na área da segurança pública do País e, especialmente, do Rio Grande do Sul, sempre com os pés no chão, conhecedor de todas as agruras tanto da Polícia Civil como da Brigada Militar e direcionando seu conhecimento para o clamor da sociedade na busca de não temer o convívio com a sua própria cidade, disse-me ele sobre pontos fundamentais dos acontecimentos de ontem que agitaram o Centro Histórico da nossa Porto Alegre de 240 anos. Entendo os esclarecimentos do professor Karnikowski, que espelham o ambiente entre os agentes da Polícia Civil que está entre as organizações policiais que recebem os mais baixos salários do País, mas não creio, na condição de um humilde marquês, que o governo da transversalidade mude sua rota que, até agora, tem conseguido dividir em castas, com alquimia burocrática e escorregadia, todos os segmentos dos profissionais da segurança pública. Sigam-me.

Abismo

Falou-me assim Karnikowski: "Na assembleia geral realizada no pátio do Palácio da Polícia, com a presença de mais de dois mil policiais, a maior da história da categoria, a proposta que determina um fosso de 15 mil reais entre os salários iniciais dos agentes e dos delegados e que perpetua um brutal arrocho salarial, foi rejeitada por unanimidade pelos agentes de polícia filiados à Ugeirm-Sindicato. Foi também determinado nesta assembleia o aprofundamento do movimento ?Cumpra-se a Lei', pois, mesmo os agentes sendo carreira de nível superior, as atribuições atinentes ao inquérito e flagrantes são atribuições dos delegados. No entanto, eram os agentes que vinham há anos realizando esses encargos. Os agentes não são contra os salários dos delegados, mas, sim, contra o abismo estabelecido entre as categorias da Polícia Civil gaúcha. É o governo que tem que resolver esse nó górdio que ele mesmo atou. Neste sentido, os agentes simplesmente querem o cumprimento da tabela salarial que a Ugeirm apresentou já no ano passado, no qual consta a verticalidade remuneratória com base no delegado de quarta classe. Só assim esse abismo gigantesco construído pelo Executivo será solucionado. Para tanto, o Piratini deve cumprir a tabela apresentada pela Ugeirm com a verticalidade, pois isso é simples para um governo que toda semana se ufana de que está bem na arrecadação e na condução econômica do Estado. Este bem estar deve, obrigatoriamente, ser levado para a segurança pública".

Novelas

As pessoas que não são afetadas, diretamente, pelos mais baixos salários do País ficam irritadas com as manifestações como as realizadas, ontem, no Centro Histórico da Capital, pelos profissionais da Polícia Civil e do magistério. Para essas pessoas, tais movimentos sociais deveriam ser realizados no Sambódromo, pois, assim como está, muitas estão perdendo a primeira metade de suas novelas.

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