HUMBERTO TREZZI - ZERO HORA 20/03/2012
Dezesseis magistrados que julgam crimes tributários foram presos ontem em Nápoles, na Itália. As prisões, feitas pela Guarda de Finanças (polícia especializada em delitos econômicos), ocorreram mediante acusação de que os juízes eram subornados para aliviar a situação de criminosos envolvidos com a Camorra, a máfia napolitana.
Ao todo foram presas 60 pessoas, incluindo industriais, funcionários públicos e advogados suspeitos de lavar dinheiro mediante remessas de euros ao Exterior. Não quantias quaisquer: mais de 1 bilhão de euros, segundo as investigações. Parte da investigação foi feita pela Direção Geral Antimáfia, organismo do Ministério Público italiano.
Pois na Grande Porto Alegre outra operação, no mesmo dia e também coordenada pelo Ministério Público, resultou na prisão de sete policiais (três civis e quatro PMs). Em 28 anos de profissão, não recordo de um dia em que tantos policiais tenham sido capturados. As provas contra eles eram circunstanciais – posse de armamento ilegal –, tanto que quatro já estão soltos mediante fiança. Mas existem gravações que indicariam envolvimento dos agentes da lei com uma quadrilha que terceiriza serviços para outros bandos. É aguardar para ver. Se a conexão se comprovar, será mais uma mostra de quão longos são os tentáculos do crime organizado. Menos mal que os braços da lei, cedo ou tarde, os alcançam.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 20 de março de 2012
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