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PORTO ALEGRE, BAIRRO FLORESTA - Bairro heterogêneo aumenta problemas - GUSTAVO AZEVEDO, Zero Hora, 15/02/2011
O comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, major Lúcio Alex Ruzicki, salientou que a ação da BM deverá ser realizada em conjunto com outros órgãos para surtir efeitos. Ele criticou a má iluminação da região. Solicitou também que bares sejam fiscalizados. Uma equipe da prefeitura anunciou ontem que iria fazer um levantamento das áreas com necessidade de poda e de reforço na iluminação.
A cúpula da BM chegou a se reunir ontem para tentar diminuir o impacto dos dois assassinatos.
– Não existe um plano de segurança. A cada mudança de comandante, muda o jeito de policiar. Cada vez que ocorre alguma coisa, prometem mudanças, mas nada acontece. Estou há 10 anos ouvindo isso e nada – lamenta o presidente da Associação Cristóvão Colombo, Beto Rigotti.
As peculiaridades da região potencializam os problemas tanto para moradores quanto para policiais. De uma quadra para outra o lugar se transforma. Ao andar da Avenida Cristóvão Colombo para a Farrapos, o cenário sai do comércio tradicional e residências de classe média para casas velhas, bares e inferninhos.
– É um bairro muito heterogêneo. Nós vamos mudar a nossa atuação porque a sensação de segurança foi quebrada. Precisamos responder imediatamente – prometeu Ruzicki.
Após duas mortes, BM muda estratégia para vigiar Floresta
Desde ontem, policiais passaram a agir de uma forma mais ostensiva na região marcada por crimes
Depois de duas mortes violentas num período de 24 horas na semana passada, a Brigada Militar resolveu reagir para tentar melhorar o policiamento do bairro Floresta, na Capital. Amedrontados, moradores e comerciantes lamentam que a resposta policial ocorra só após a ação dos criminosos.
O efetivo, segundo o comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar, major Lúcio Alex Ruzicki, é suficiente para dar conta do desafio. Mas, desde ontem, os cerca de 50 PMs que atuam na região executam uma estratégia mais ostensiva. Próximo ao local dos dois crimes – na Cristóvão Colombo com a Rua Ernesto Alves, onde um empresário foi morto, e na Cristóvão com a Rua Santo Antônio, local em que um comerciante foi assassinado –, a reportagem avistou quatro policiais a pé no meio da tarde.
À noite, as viaturas (motos e carros), com reforço do Batalhão de Operações Especiais (BOE), rodaram com luminoso ligado pela região e executaram barreiras surpresas. Antes dos crimes, os PMs só patrulhavam nos locais onde há maiores índices de problemas, seguindo os dados do sistema de georreferenciamento, que mapeia as ocorrências.
– Os índices de criminalidade caíram na comparação com o ano passado. Durante todo o ano passado, tivemos uma morte na região – ressalta o major.
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COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O desabafo do Beto Rigotti, presidente da Associação Cristóvão Colombo, mostra a impotência e o descrédito na atuação da Brigada Militar. O Sr. Rigotti é o presidente de honra e quase eterno justamente pelo tamanho de seu envolvimento e comprometimento com este bairro tradicional de Porto Alegre. Ele toca numa das mazelas mais críticas da corporação quando seus oficiais não seguem as estratégias de aproximação e a filosofia do policiamento comunitário. Aliás, estas estratégias e filosofia não passam de retórica, pois há uma rotatividade de pessoal e a priorização no patrulhamento motorizado que afastam qualquer chance de comprometimento e presença real dos policiais nos postos de policiamento. Os planos de segurança são pontuais e " a cada mudança de comandante, muda o jeito de policiar". Por este motivo "cada vez que ocorre alguma coisa, prometem mudanças, mas nada acontece", e as lideranças comunitárias perdem a confiança e a motivação, pois não aguentam "10 anos ouvindo" a mesma retórica, as mesmas promessas e as mesmas garantias que permanecem por pouco tempo e somem do nada. Além disto, a Brigada Militar transformou suas viaturas ostensivas passando para cores discretas e ampliou as dimensões do posto de policiamento, reduzindo a permanência e aumentando a mobilidade. Sem falar que o CIOSP pode utilizar estas viaturas para atendimento de ocorrências, tirando-as do posto e limites designados.
E não estou criticando apenas o policiamento em Porto Alegre, pois estes óbices ocorrem em todas as unidades operacinais. No meu tempo da ativa, também tive problemas sérios para fixar o polciamento comunitário nas cidades onde trabalhei. É que esta filosofia precisa de permanência, motivação, comprometimento e confiança mútua, e principalmente de oficiais e graduados voluntariosos para liderar as unidades de policiamento comunitário e se dedicar à comunidade local.
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