Melhor formação para combater os infiltrados da polícia - Milton Corrêa da Costa, O GLOBO, 14/02/2011 às 12h05m. Artigo do leitor*
RIO - Profundamante lamentável, sob todos os aspectos, o episódio que envolve o conluio entre policiais do Rio e traficantes -um mar de lama podre- conforme matéria do GLOBO, em 12 de fevereiro, onde gravíssimas acusações chegam até mesmo a um policial civil de alto cargo, se confirmadas as investigações da Polícia Federal.
É cristalina a constatação de que o agente do Estado que se propõe a vender armas a bandidos e vazar informações sobre operações policiais comete uma tríplice traição: à sociedade, a quem juraram um dia defender; aos companheiros de instituição, que se tornam vulneráveis ao poder de fogo do inimigo fornecido pela própria polícia; e aos seus prórios familiares, cuja exclusão do chefe de família dos quadros da corporação coloca-a em dificuldade para o sustento futuro. Ressalte-se que também agora a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) é alvo de denúncias por parte de empresários, tendo a referida unidade policial, de tantos excelentes serviços prestados contra a atuação de milícias, tido suas dependências lacradas por ordem do Chefe da Polícia Civil do Rio.
Tais fatos nos conduzem a refletir sobre o processo de formação policial. É necessário que o conteúdo programático dos cursos de formação policial, além da melhoria constante da qualificação técnico-profisssional, tenha maior ênfase na permanente doutrinação sobre a importância dos valores éticos e morais e no respeito aos direitos civis. Este é o novo referencial de uma polícia confiável, democrática e cidadã que se almeja, onde a missão precípua do policial é servir e proteger e não se locupletar e exceder-se no uso da força. Este será o inevitável trem da nova história policial do Rio no futuro, na parceria e confiabilidade na relação polícia e sociedade, cuja vontade política do governo do estado, através da criação do modelo inovador das UPP vem se consolidando cada vez mais no resgate da cidadania e no respeito aos até então oprimidos pelo terror do tráfico.
Os espaços para os traidores, nos quadros das corporações policiais, vão se encurtar cada vez mais. "O foco agora é no desvio de conduta", disse o secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame. Ou se é policial ou se é bandido. Não pode haver meio termo. Casos como estes deveriam prever pena em dobro. Registre-se ainda o exemplar trabalho da Polícia Federal num lamentavel episódio que envergonha toda a sociedade e aos dignos policiais que colocam em risco suas vidas em defesa da sociedade.
*Milton Corrêa da Costa é coronel PM da reserva
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Não é só na formação que só combate o inflitrado, basta assistir o filme "Os infiltrados" e analisar o que ocrre dentro da polícia civil e da polícia militar. É preciso analisar o perfil psicológico do candidato a policial e etse procedimento deve estar amparado em lei e sustentado pela justiça. É preciso leis que garantam a expulsão dos policiais em processos sumários e mandá-los para o processo judicial submetidos a penas rigorosas e exemplares. É necessário um Departamento de Assuntos Internos chefiados por Promotores Públicos no exercício do controle externo das polícias. E para tirá-lo do meio onde pode ser aliciado (BICO), é preciso pagar salários dignos e de acordo com a dedicação exclusiva que deve prestar à sociedade.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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