Um ditado africano diz que não existe problema sem solução; que não há solução sem defeitos e que não há defeitos que não possam ser corrigidos. No dia em que os chefes do executivo federal e dos estaduais tomaram posse e discursaram, o mundo celebrava a confraternização universal.
Como policial e professor meu desejo faz coro aos milhões que torcem para que eles comecem bem.
A meu ver, o tema da segurança forma, com a educação e a saúde, o tripé decisivo para o êxito e a sustentabilidade dos governantes.
Principiar bem nas políticas públicas será olhar para as forças de segurança. O fato de as questões de segurança pública serem tratadas como assunto de Estado, e não de governo, é um avanço relevante.
Sabemos que já estão olhando. Agora é chegada a hora de escutar, de conhecer melhor, de investir mais, de acreditar e, o mais difícil de tudo - de saber que o modelo pode ser diferente. Urge que seja.
Confraternização significa estar com os fraternos. Contudo, se o arrefecimento de valores fundamentais como o respeito à lei, à disciplina e à autoridade, guiar os jovens, teremos o indesejável – mais presídios em detrimento de escolas.
O calor das discussões sobre a segurança, por conta do filme Tropa de Elite 02 e pelos acontecimentos no Rio de Janeiro em 2010, não devem sair da agenda. Não poderemos negligenciar esse dever, como traz o artigo 144 da Constituição: “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. São as forças de segurança que administram emergências, calamidades e insurgências de toda ordem, enfim, cabe a elas dar pronta-resposta.
Para haver excelência na segurança, ou seja, prestar o melhor atendimento com o menor custo material e humano, deve-se investir na formação de quadros.
No caso de São Paulo, nossos procedimentos e ações internas levaram a consecução de matriz organizacional que busca menos mortes, menos lesões, menos sofrimentos, menos dor; para isso nos valemos de vigorosos treinamentos e de gestão por resultados.
Maior reflexão, melhor planejamento, melhor formação e melhores resultados estão ocorrendo pelas escolhas acertadas e pela replicabilidade das boas práticas policiais, que têm realimentado todo o sistema, entrando em um círculo virtuoso de resultados favoráveis, como comprovam as recentes estatísticas sobre homicídios.
Hoje, a grande ênfase passa a ser dada ao perfil do novo policial, que deve ter excelente relacionamento interpessoal e capacidade de mediação de conflitos.
O ganho que se tem nas crises é a possibilidade de mudar de patamar. Se aprendermos a lição, poderemos lecionar; caso contrário, vamos lesionar.
Na prática, precisamos deixar claro para todos que eficiência policial e respeito aos direitos humanos são mais do que meramente compatíveis entre si: são mutuamente necessários, indissociáveis.
Sabemos que as ações de polícia, na ponta da linha, é que indicam o verdadeiro termômetro de nossa democracia.
Ronilson de Souza Luiz, doutor em educação, é capitão da Policia Militar de São Paulo e docente no Centro de Altos Estudos de Segurança. - Direto do autor em 11/02/2011
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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