ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

INFILTRADOS DETONAM POLICIAIS CORRUPTOS


Informantes mudam de lado e detonam esquemas de policiais. Infiltrados no crime e na segurança pública, os ‘X-9’ foram peças fundamentais na Operação Guilhotina - POR JOÃO ANTÔNIO BARROS - O DIA Online - 21/02/2011

Rio - Desde que a Operação Guilhotina colocou na cadeia 41 pessoas, os informantes caíram em desgraça na polícia do Rio. Explica-se: responsáveis por passar informações privilegiadas do mundo do crime e conhecedores dos bastidores sujos da segurança pública, os ‘X-9’ foram a bola de cristal dos agentes federais para descobrir como policiais abasteciam com armas e drogas traficantes e faziam segurança de contraventores. Além de relatar fatos e casos da banda podre, a investigação ilustra como vivem os informantes, desde a infiltração nas quadrilhas, a convivência com os policiais até os bons ‘salários’, que chegam a R$ 15 mil mensais.

O homem que por anos acompanhou a equipe do inspetor Leonardo da Silva Torres, o Trovão, é um desses bem remunerados informantes. À Polícia Federal (PF), ele contou que, dos R$ 50 mil pagos mensalmente pelo traficante Rogério Rios Mosqueira, o Roupinol, recebia R$ 15 mil do agente Trovão. A fortuna tinha sua justificativa: era graças ao contato do X-9 que o policial sabia todos os passos do criminoso e poderia prendê-lo.

Mas o belo ‘salário’ requeria altas doses de risco. O informante revelou que era ‘escalado’ para se infiltrar nas favelas onde os policiais desejavam ter acesso a dados secretos dos chefes do tráfico. Foi assim na Nova Holanda (Maré), Malvinas (Macaé), Rocinha e São Carlos. E se fosse descoberto antes de estabelecer a ‘parceria’ entre policial e traficante, estaria morto. O relato seguiu semana passada do PF e do Ministério Público (MP) para a Secretaria de Segurança.

Nos depoimentos, o ‘X-9’ detalha que era ele quem pegava o dinheiro das propinas com Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico da Rocinha. E, sem qualquer cerimônia, diz que o acerto era feito na casa do bandido, na localidade da Cachopa. Só mudava o endereço em caso de haver intermediário: aí, era num posto de gasolina na Estrada do Itanhangá.

Com livre acesso a agentes que circulavam pela cúpula da Polícia Civil nos últimos anos, outro informante garantiu ao MP detalhes do funcionamento das milícias e da máfia dos caça-níqueis, além da revenda de armas e drogas apreendidas nas ações policiais. Tanto conhecimento é o resultado de 15 anos servindo a um seleto grupo de policiais lotados em delegacias especializadas. E o informante conta que na lista de atividades não fazia apenas a anotação de placas de carros e endereços. Participava de operações, apreendia armas e drogas, efetuava prisões e elaborava até mesmo relatórios e inquéritos policiais.

Em 93, revelações levaram dezenas ao banco dos réus

Nos bastidores das polícias Civil e Militar, um nome foi desenterrado para explicar o furacão provocado pela Operação Guilhotina: Ivan Custódio. A exemplo dos informantes que colaboraram com a Polícia Federal e o Ministério Público, foi ele quem colocou fogo na segurança pública ao detalhar os bastidores da chacina de Vigário Geral, em 1993, quando foram mortos 21 inocentes, e levar ao banco dos réus mais de 50 agentes.

Ivan não revelou apenas os suspeitos da chacina. Descreveu toda a sujeira por trás das operações policiais, as extorsões a traficantes e a revenda de armas e drogas apreendidas a gangues rivais. Nada muito diferente de agora. O antigo ‘X-9’ costumava comparar os informantes a caixa-preta dos aviões, onde ficam armazenados os caminhos tortos percorridos pelos policiais. Só que com um agravante: em caso de acidente (prisão), ele abre a boca e fala. Na época, ele abateu em pleno voo comandantes e praças da PM. Agora, foi a vez de o avião da Polícia Civil derrapar na pista.

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