Guilhotina: mais três delegados podem ser presos nos próximos dias por suspeita de corrupção - O GLOBO, 15/02/2011 às 00h48m; Antônio Werneck
RIO - Quatro dias depois da prisão de 30 policiais suspeitos de envolvimento com o crime organizado, durante a Operação Guilhotina , a crise parece se ampliar na cúpula da Polícia Civil: pelo menos mais três delegados e outros agentes podem ser presos nos próximos dias. Na segunda-feira, a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) - uma das mais importantes do estado - foi fechada , para que fossem apreendidos documentos que indicariam a cobrança de propina para o arquivamento de inquéritos contra prefeituras. A ordem para a devassa foi do chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, que teve seu nome citado por uma testemunha e, por isso, precisou depor na Polícia Federal, sexta-feira, sobre o esquema de corrupção na instituição.
Turnowski, que nega envolvimento no esquema, teria sido acusado de receber propina de contraventores da máfia dos caça-níqueis e de uma quadrilha de contrabandistas, que atuaria no comércio de produtos piratas no Centro. Apesar das denúncias, o delegado garante que continua no cargo. Ao todo, 45 pessoas tiveram a prisão decretada pela Justiça, entre elas o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe operacional da Polícia Civil e braço direito de Turnowski .
Outro preso durante a operação, realizada pela PF, é o inspetor Christiano Gaspar Fernandes, acusado de integrar uma das mais atuantes milícias do estado, que domina as favelas Roquete Pinto e Borgauto, em Ramos. Os milicianos são suspeitos de assassinatos, cobrança de taxas em transações imobiliárias, monopólio do fornecimento de gás e venda de sinal ilegal de TV por assinatura. O policial estava lotado na 22 DP (Penha), depois de passar pela Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae). Christiano, ainda segundo a PF, também participava de um grupo de policiais e informantes da polícia acusado de saquear bens de traficantes em operações em morros. Na tomada dos complexos do Alemão e da Penha, armas, munição e drogas apreendidas teriam sido desviadas pelo bando.
Dos 45 mandados de prisão da Operação Guilhotina, 11 foram expedidos contra policiais civis, 21 contra PMs (incluindo oito que atuavam na Drae e na Delegacia de Combate a Drogas) e 13 contra ex-policiais e informantes.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário