Associação de delegados critica operação da PF no Rio - 11/02/2011 - 16h28
A Adepol (Associação dos Delegados de Polícia do Rio) criticou a condução da Operação Guilhotina, que desarticulou quadrilhas formadas por policiais ligados a traficantes e milícias. A operação foi desencadeada pela PF (Polícia Federal) nesta sexta-feira; 28 pessoas foram presas até o momento, sendo 22 policiais.
Em nota, o presidente da entidade, Wladimir Reale, disse que houve abuso de poder, com adoção de método "espetaculoso" nas diligências da operação.
"Tudo devia ser feito com base no devido processo legal e amplo direito de defesa, como prevê a Constituição, e não de uma forma arbitrária, humilhando policiais e manchando a imagem da instituição", afirmou.
Para Reale, houve mobilização excessiva de agentes, invasão de delegacias, revistas infrutíferas e prisões ilegais de policiais com trabalho e endereço certo. O representante dos delegados protestou especialmente contra o secretário de segurança pública do Rio, José Mariano Beltrame.
Acusado de repassar informações e armas para traficantes, o delegado Carlos Oliveira teve e prisão preventiva decretada, mas está foragido. Ele foi subchefe de polícia civil até agosto do ano passado. Exercia o cargo de subsecretário de operações da secretaria de Ordem Pública da cidade do Rio de Janeiro. A prefeitura anunciou que vai exonerá-lo.
Rafael Andrade/Folhapress
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INVESTIGAÇÃO
As investigações que levaram a operação tiveram início durante uma ação policial, ocorrida em 2009, que era conduzida pela Delegacia da Polícia Federal em Macaé --denominada "Operação Paralelo 22", que tinha o objetivo prender o traficante Rogério Rios Mosqueira, conhecido como Roupinol, que atuava na favela da Rocinha junto com o traficante Antônio Francisco Lopes, o Nem.
A partir daí, duas investigações paralelas foram iniciadas, uma da Corregedoria Geral Unificada da Secretaria de Segurança do Rio e outra da Superintendência da Polícia Federal no Rio. A troca de informações entre os serviços de inteligência das duas instituições deu origem ao trabalho conjunto de hoje.
O objetivo da ação desta sexta-feira é "dar fim à atuação de um grupo criminoso formado por policiais --civis e militares-- e informantes envolvidos com o tráfico ilícito de drogas, armas e munições, com a segurança de pontos de jogos clandestinos (máquinas de caça-níqueis e jogo do bicho) e venda de informações sigilosas".
As forças estaduais destacaram 200 homens, além de dois helicópteros e quatro lanchas. As equipes da Polícia Federal empregam um efetivo de 380 homens.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Estas críticas são relevantes na medida em que o Brasil não possue um sistema de ordem pública que integre os instrumentos, processos e ações e favoreça mecanismos de controle, de corregedoria e de combate à corrupção de servidores que atuam nos instrumentos de coação e justiça na preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio. A preservação da ordem pública no Brasil precisa ser entendida e os instrumentos, processos e estruturas do sistema de segurança pública reinventados e fortalecidos.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
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