Caso Amarildo: MP revela que tortura era recorrente na Rocinha. Um dos PMs presos foi denunciado por outros dois casos de tortura. Sessões de tortura incluíam saco na cabeça e cacos de vidro na boca
RAFAEL SOARES, DO EXTRA
O GLOBO
Atualizado:27/11/13 - 9h46
Sede da UPP da Rocinha Thiago Lontra / Agência O Globo (24/07/2013)
RIO — O soldado Douglas Roberto Vital Machado, preso na Unidade Prisional da PM acusado de ser um dos torturadores do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, vai responder pelo mesmo crime em mais dois casos ocorridos de abril a julho deste ano. Reportagem do jornal “Extra” revela que, antes da sessão de tortura que terminou com a morte de Amarildo de Souza, no dia 14 de julho, a prática já existia no trato de policiais da UPP da Rocinha com moradores da favela, segundo o Ministério Público estadual.
Vital foi denunciado, na semana passada, pela promotora Marisa Paiva, por ter agredido dois menores de idade para conseguir informações sobre o paradeiro de armas e drogas na favela. Num dos casos, Vital foi auxiliado pelo soldado Adson Nunes da Silva, denunciado pelo mesmo crime.
Segundo o MP, em maio, Vital abordou um adolescente na Rua 2 e, “colocando um saco plástico em sua cabeça, exigiu informações sobre a localização de armas de fogo e drogas”. Como não obteve sucesso, Vital, levou o menor de idade para o Centro de Comando e Controle (CCC), onde policiais monitoram as câmeras instaladas na favela. Lá, ele “amarrou o pé do adolescente e ameaçou introduzir um cabo de vassoura em seu ânus”. A sessão de tortura só terminou com a chegada da mãe do jovem no local. Antes de sair do CCC, a mulher ainda teria escutado: “Só não matei seu filho porque não quis”.
A denúncia, baseada em depoimentos das vítimas, familiares e testemunhas prestados ao MP durante a apuração do caso Amarildo, também revela que, uma semana depois, Vital abordou o adolescente novamente. Dessa vez, o policial levou-o para um barraco, onde “esfregou cacos de vidro na boca do menor, causando cortes na mucosa interna e arranhões na face”.
No outro caso, ocorrido em 13 de julho, um dia antes do desaparecimento de Amarildo, Vital e Nunes abordaram um outro jovem dentro do CCC, onde estava detido. Lá, segundo a promotora, eles “colocaram a cabeça do menor no vaso sanitário” e “obrigaram ele a engolir cera líquida”. A Justiça já recebeu a denúncia. Os advogados dos PMs não foram localizados pelo “Extra”.
Na segunda-feira, a Justiça negou o pedido de habeas corpus para o soldado Douglas Roberto Vital Machado e mais três policiais militares envolvidos no caso Amarildo. Os desembargadores da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio votaram, por unanimidade, pela permanência da prisão preventiva dos policiais Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinícius Pereira da Silva e Douglas Roberto Vital Machado.
Amarildo sumiu em 14 de julho deste ano após ser detido para averiguação por PMs da UPP Rocinha. As investigações apontam que ele morreu e teve o corpo ocultado após ser torturado para revelar o esconderijo de armas do tráfico local. A sessão de tortura aconteceu atrás de contêineres que servem de base à UPP da Rocinha. Vinte e cinco PMs foram denunciados, e 13 já estão presos, entre eles o ex-comandante da unidade, major Edson Santos.
Atualizado:27/11/13 - 9h46
Sede da UPP da Rocinha Thiago Lontra / Agência O Globo (24/07/2013)
RIO — O soldado Douglas Roberto Vital Machado, preso na Unidade Prisional da PM acusado de ser um dos torturadores do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, vai responder pelo mesmo crime em mais dois casos ocorridos de abril a julho deste ano. Reportagem do jornal “Extra” revela que, antes da sessão de tortura que terminou com a morte de Amarildo de Souza, no dia 14 de julho, a prática já existia no trato de policiais da UPP da Rocinha com moradores da favela, segundo o Ministério Público estadual.
Vital foi denunciado, na semana passada, pela promotora Marisa Paiva, por ter agredido dois menores de idade para conseguir informações sobre o paradeiro de armas e drogas na favela. Num dos casos, Vital foi auxiliado pelo soldado Adson Nunes da Silva, denunciado pelo mesmo crime.
Segundo o MP, em maio, Vital abordou um adolescente na Rua 2 e, “colocando um saco plástico em sua cabeça, exigiu informações sobre a localização de armas de fogo e drogas”. Como não obteve sucesso, Vital, levou o menor de idade para o Centro de Comando e Controle (CCC), onde policiais monitoram as câmeras instaladas na favela. Lá, ele “amarrou o pé do adolescente e ameaçou introduzir um cabo de vassoura em seu ânus”. A sessão de tortura só terminou com a chegada da mãe do jovem no local. Antes de sair do CCC, a mulher ainda teria escutado: “Só não matei seu filho porque não quis”.
A denúncia, baseada em depoimentos das vítimas, familiares e testemunhas prestados ao MP durante a apuração do caso Amarildo, também revela que, uma semana depois, Vital abordou o adolescente novamente. Dessa vez, o policial levou-o para um barraco, onde “esfregou cacos de vidro na boca do menor, causando cortes na mucosa interna e arranhões na face”.
No outro caso, ocorrido em 13 de julho, um dia antes do desaparecimento de Amarildo, Vital e Nunes abordaram um outro jovem dentro do CCC, onde estava detido. Lá, segundo a promotora, eles “colocaram a cabeça do menor no vaso sanitário” e “obrigaram ele a engolir cera líquida”. A Justiça já recebeu a denúncia. Os advogados dos PMs não foram localizados pelo “Extra”.
Na segunda-feira, a Justiça negou o pedido de habeas corpus para o soldado Douglas Roberto Vital Machado e mais três policiais militares envolvidos no caso Amarildo. Os desembargadores da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio votaram, por unanimidade, pela permanência da prisão preventiva dos policiais Marlon Campos Reis, Jorge Luiz Gonçalves Coelho, Victor Vinícius Pereira da Silva e Douglas Roberto Vital Machado.
Amarildo sumiu em 14 de julho deste ano após ser detido para averiguação por PMs da UPP Rocinha. As investigações apontam que ele morreu e teve o corpo ocultado após ser torturado para revelar o esconderijo de armas do tráfico local. A sessão de tortura aconteceu atrás de contêineres que servem de base à UPP da Rocinha. Vinte e cinco PMs foram denunciados, e 13 já estão presos, entre eles o ex-comandante da unidade, major Edson Santos.
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