ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

NÃO QUEREMOS SER OFICIAIS!



Artigo de um Sargento Policial Militar: Não queremos ser oficiais!

BLITZ DIGITAL, Quinta, 26 Setembro 2013 16:36 

Escrito por SGT Pires da Rocha




Nesta semana algumas propostas de reestruturação surgiram e foram devidamente publicadas em vários blogs policiais do Distrito Federal. Várias teorias surgiram, entre elas, a de que as propostas seriam apenas uma tentativa de salvação de mandatos eletivos de políticos que nada fizeram por nossa categoria profissional, POLICIAL MILITAR.

Após o surgimento destas propostas também surgiu uma suposta "carta resposta" da Associação dos Oficiais repudiando a tal proposta de reestruturação, repudiando a entrada única de policiais, sugerindo o curso de direito como pré-requisito para se tornar oficial da Policia Militar.

Acredito, entretanto, que Direito não seja o curso mais indicado para nossos gestores. Administração sim, seria o curso mais adequado para policiais que precisam gerir pessoas, verba e equipamentos. Direito poderia vir em segundo plano, poderia ser exigido para quem trabalha nas ruas, que precisam saber o que fazer com criminosos, mas não é esse o ponto principal desta postagem.

Porque me tornar oficial de policia? Porque deixaria de ser um técnico, um executor? Não existe nada de pejorativo em prender marginais, não é uma função pior do que qualquer outra, pelo contrário é algo diferente, apaixonante, que utiliza conhecimentos técnicos, legais, físicos e táticos. Não é algo para qualquer um, tem que gostar, tem que saber fazer (ou pelo menos tentar). E quando já estamos ficando melhores, mais experientes nos jogam em uma função de pseudo oficial (oficial administrativo). Um oficial que não pode agir plenamente como oficial, por exemplo não pode comandar uma companhia de um Batalhão, ficando na maioria das vezes relegado a um posto de logística/ reserva de armamento.

Achamos que somos únicos mas todas as profissões tem gestores e executores. Uma das mais nobres profissões, a de médico, que possui diretores de hospitais, burocratas que tem que desenrolar-se logisticamente para administrar salários, custos, estruturas, demandas e temos médicos que tem seus plantões, fazem atendimentos emergenciais (GTOPs, ROTAM, PATAMO), consultas (RPs), cirurgias (BOPE). Você não vê médicos se matando para se tornar diretor de hospital, é claro que alguns querem, aqueles que não são vocacionados para a medicina, mas não há esse desespero de todos se tornarem gestores, temos médicos de 30 anos de profissão que amam o que fazem e seria um desserviço retirá-los do atendimento, assim como existem médicos de 30 anos de idade que já dirigem hospitais e o fazem com grande competência. A grande diferença entre estes médicos e nós policiais é que médicos ganham bem o suficiente para não ficarem loucos para se tornarem gestores, e nós policiais militares queremos ser oficiais não pela função em si, mas pelo que ela remunera.

Quero ser um executor que tenha cursos a minha disposição, estandes para treinar, viaturas em condições e alojamentos idem, e para isso necessito da atividade meio e de gestores que estejam correndo atrás. Uma boa linha de frente, motivada, bem paga e equipada combate a criminalidade motivada e os louros dessa boa atuação refletem não apenas no combatente, mas em todos. Todos estão felizes com nossa idiotice de ficar brigando entre si. Outras corporações, o governo local, deputados, todos ficam rindo da nossa cara, achando bom esse nosso patético teatro. Eles sabem que se fossemos unidos e organizados seriamos a menina dos olhos da segurança pública, a meninas dos olhos dos governadores e principalmente da sociedade que validaria qualquer tentativa de aumento de salários de nossa tropa.

Não quero ser oficial nem salário de oficial, quero um salário digno e pronto. Continuar procurando marginais, foi para isso que me inscrevi no concurso de soldado policial militar, não foi para um dia sair major ou tenente coronel. Não tenho essa ambição, pelo contrario a cada dia que mais próximo fico da carreira de oficial Administrativo mais triste fico.

Porque não posso passar 30 anos sendo praça, correndo atrás de vagabundo, me divertindo no serviço operacional, é isso que quero, o que anseio, mas quero passar trinta anos praça ganhando bem, só isso. Um praça não tem que ganhar mal para um oficial ganhar bem, podem os dois ganharem bem e com isso todos ganham. Não tenho que me tornar oficial administrativo para ganhar bem. Que praças e oficiais entrem em acordo, pois uma policia fraca como estamos ficando não trás lucro para ninguém, oficiais ou praças.

Não quero desmerecer a função de oficial de policia, temos grandes oficiais policiais militares, e que exercem com maestria sua função, a de gestores, mas sou praça, adoro o que faço e não vejo nada de errado em continuar sendo um combatente. Desde que receba bem para isso!

Fonte: Caserna PapaMike.

Foto: André Gustavo Stumpf.

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