ZERO HORA 05/11/2013 | 06h02
Ferido pela Brigada Militar, torcedor gremista tem perda de visão confirmada. Inquérito Policial-militar indiciou dois policiais por tiros de balas de borracha que atingiram o bancário Evandro Kunrath, de 40 anos
Evandro Kunrath foi atingido no olho por balas de borracha no dia 28 de agostoFoto: Lauro Alves / Agencia RBS
Paulo Germano
Confirmou-se o maior temor de Evandro Kunrath, gremista alvejado no rosto por balas de borracha da Brigada Militar: ele está cego do olho direito.
O bancário de 40 anos, que na noite de 28 de agosto levou pelo menos seis tiros em frente à Arena, antes do jogo entre Grêmio e Santos, nem sequer estava envolvido no tumulto. E quem garante é a própria Brigada.
No final de outubro, enquanto a corporação concluía o Inquérito Policial-militar que resultou no indiciamento de pelo menos 11 PMs, Evandro passava pela primeira de uma série de cirurgias que ainda enfrentará. Sua luta agora é para não perder o olho. A visão, já perdeu. Os médicos se empenham para que o bancário – que, antes da partida, tomava refrigerante na calçada quando um confronto entre PMs e torcedores começou – não precise substituir o globo ocular direito por uma prótese.
– A ideia é essa, que pelo menos meu olho continue no meu rosto – lamenta Evandro, cuja visão esquerda ainda tem salvação: no momento, ela corresponde a pouco mais de 50% do que uma pessoa normal enxerga.
Na noite do tumulto, 20 minutos antes do jogo, Evandro preferiu ficar parado quando viu uma multidão correndo. Ao contrário do amigo que o acompanhava, pensou que, como não havia feito nada de errado, fugir seria pior. Provavelmente, não seria: após ter o rosto atingido, desde lá ele mantém repouso constante – para não movimentar os coágulos que continuam em seus olhos –, está afastado do banco onde trabalha e mora com um irmão em Viamão:
– Eu morava sozinho em Porto Alegre, mas agora preciso de ajuda para muita coisa. O mais difícil é que, como não posso dirigir, tenho visto muito pouco meus filhos (um garoto de 10 anos e uma menina de quatro), que vivem em Canoas com a mãe.
Evandro decidiu que entrará com uma ação indenizatória contra o Estado, “movido por um sentimento de justiça, jamais por vingança”.
– Os policiais que conduziram o inquérito se mostraram muito solidários e respeitosos com a minha dor. Portanto, se houver culpados, sei que serão punidos dentro da lei – acredita ele.
Disparos foram feitos "fora da técnica recomendada", conclui inquérito. Dois PMs foram indiciados por lesão corporal grave em torcedor gremista no dia 28 de agosto
Torcedor gremista Evandro Kunrath perdeu visão de um olho após incidenteFoto: Lauro Alves / Agencia RBS
Adriana Irion
O Inquérito Policial-militar (IPM) que investigou os disparos de balas de borracha contra o rosto do torcedor gremista Evandro Kunrath, 40 anos, concluiu que policiais militares agiram fora da técnica recomendada.
Dois PMs foram indiciados por lesão corporal grave (por terem feito disparos contra Evandro), um tenente foi enquadrado por omissão de socorro e pelo menos outros oito militares devem responder por falso testemunho.
O incidente ocorreu em 28 de agosto, em frente à Arena, minutos antes do jogo entre Grêmio e Santos pela Copa do Brasil. A apuração mostrou que o homem ferido não tinha envolvimento com a briga que gerou a reação dos policiais. A investigação feita pela Brigada Militar (BM) não apontou qual dos dois PMs fez o disparo que atingiu Evandro, que perdeu a visão do olho direito.
Inicialmente, foi apurado que durante o tumulto quatro PMs atiraram. Mas dois foram excluídos da suspeita porque, pela posição em que estavam, não poderiam ter acertado o torcedor.
O IPM foi conduzido por um major instrutor de tiro, especialista em armamento e munição. Concluída e encaminhada à Justiça Militar e à Promotoria do Torcedor, a apuração indicou que os tiros que atingiram o rosto do torcedor foram efetuados fora da técnica.
Comandante da Brigada não informou nomes dos indiciados
Uma das normas é que esse tipo de disparo não pode atingir partes do corpo acima da cintura, justamente pelo risco que representa para pontos mais sensíveis, como o rosto.
O resultado do IPM indica que os disparos teriam sido feitos fora da altura e da distância recomendadas. A munição usada durante o tumulto – de uma espécie de borracha – é a opção intermediária entre o bastão e a arma de fogo, segundo informação da BM.
Os policiais que foram indiciados por falso testemunho tiveram seus depoimentos desmentidos por imagens analisadas no IPM. Eles deram versões que não foram confirmadas pelas imagens das câmeras da EPTC.
Contatado por Zero Hora, o coronel Fabio Fernandes, comandante-geral da Brigada Militar, não informou os nomes dos policiais responsabilizados no inquérito nem outros detalhes da apuração.
– Agora, o caso está fora da competência da BM. Tudo que a corporação deveria fazer, foi feito. O inquérito está com os devidos indiciamentos – afirmou o coronel.
ZHESPORTES
Ferido pela Brigada Militar, torcedor gremista tem perda de visão confirmada. Inquérito Policial-militar indiciou dois policiais por tiros de balas de borracha que atingiram o bancário Evandro Kunrath, de 40 anos
Evandro Kunrath foi atingido no olho por balas de borracha no dia 28 de agostoFoto: Lauro Alves / Agencia RBS
Paulo Germano
Confirmou-se o maior temor de Evandro Kunrath, gremista alvejado no rosto por balas de borracha da Brigada Militar: ele está cego do olho direito.
O bancário de 40 anos, que na noite de 28 de agosto levou pelo menos seis tiros em frente à Arena, antes do jogo entre Grêmio e Santos, nem sequer estava envolvido no tumulto. E quem garante é a própria Brigada.
No final de outubro, enquanto a corporação concluía o Inquérito Policial-militar que resultou no indiciamento de pelo menos 11 PMs, Evandro passava pela primeira de uma série de cirurgias que ainda enfrentará. Sua luta agora é para não perder o olho. A visão, já perdeu. Os médicos se empenham para que o bancário – que, antes da partida, tomava refrigerante na calçada quando um confronto entre PMs e torcedores começou – não precise substituir o globo ocular direito por uma prótese.
– A ideia é essa, que pelo menos meu olho continue no meu rosto – lamenta Evandro, cuja visão esquerda ainda tem salvação: no momento, ela corresponde a pouco mais de 50% do que uma pessoa normal enxerga.
Na noite do tumulto, 20 minutos antes do jogo, Evandro preferiu ficar parado quando viu uma multidão correndo. Ao contrário do amigo que o acompanhava, pensou que, como não havia feito nada de errado, fugir seria pior. Provavelmente, não seria: após ter o rosto atingido, desde lá ele mantém repouso constante – para não movimentar os coágulos que continuam em seus olhos –, está afastado do banco onde trabalha e mora com um irmão em Viamão:
– Eu morava sozinho em Porto Alegre, mas agora preciso de ajuda para muita coisa. O mais difícil é que, como não posso dirigir, tenho visto muito pouco meus filhos (um garoto de 10 anos e uma menina de quatro), que vivem em Canoas com a mãe.
Evandro decidiu que entrará com uma ação indenizatória contra o Estado, “movido por um sentimento de justiça, jamais por vingança”.
– Os policiais que conduziram o inquérito se mostraram muito solidários e respeitosos com a minha dor. Portanto, se houver culpados, sei que serão punidos dentro da lei – acredita ele.
Disparos foram feitos "fora da técnica recomendada", conclui inquérito. Dois PMs foram indiciados por lesão corporal grave em torcedor gremista no dia 28 de agosto
Torcedor gremista Evandro Kunrath perdeu visão de um olho após incidenteFoto: Lauro Alves / Agencia RBS
Adriana Irion
O Inquérito Policial-militar (IPM) que investigou os disparos de balas de borracha contra o rosto do torcedor gremista Evandro Kunrath, 40 anos, concluiu que policiais militares agiram fora da técnica recomendada.
Dois PMs foram indiciados por lesão corporal grave (por terem feito disparos contra Evandro), um tenente foi enquadrado por omissão de socorro e pelo menos outros oito militares devem responder por falso testemunho.
O incidente ocorreu em 28 de agosto, em frente à Arena, minutos antes do jogo entre Grêmio e Santos pela Copa do Brasil. A apuração mostrou que o homem ferido não tinha envolvimento com a briga que gerou a reação dos policiais. A investigação feita pela Brigada Militar (BM) não apontou qual dos dois PMs fez o disparo que atingiu Evandro, que perdeu a visão do olho direito.
Inicialmente, foi apurado que durante o tumulto quatro PMs atiraram. Mas dois foram excluídos da suspeita porque, pela posição em que estavam, não poderiam ter acertado o torcedor.
O IPM foi conduzido por um major instrutor de tiro, especialista em armamento e munição. Concluída e encaminhada à Justiça Militar e à Promotoria do Torcedor, a apuração indicou que os tiros que atingiram o rosto do torcedor foram efetuados fora da técnica.
Comandante da Brigada não informou nomes dos indiciados
Uma das normas é que esse tipo de disparo não pode atingir partes do corpo acima da cintura, justamente pelo risco que representa para pontos mais sensíveis, como o rosto.
O resultado do IPM indica que os disparos teriam sido feitos fora da altura e da distância recomendadas. A munição usada durante o tumulto – de uma espécie de borracha – é a opção intermediária entre o bastão e a arma de fogo, segundo informação da BM.
Os policiais que foram indiciados por falso testemunho tiveram seus depoimentos desmentidos por imagens analisadas no IPM. Eles deram versões que não foram confirmadas pelas imagens das câmeras da EPTC.
Contatado por Zero Hora, o coronel Fabio Fernandes, comandante-geral da Brigada Militar, não informou os nomes dos policiais responsabilizados no inquérito nem outros detalhes da apuração.
– Agora, o caso está fora da competência da BM. Tudo que a corporação deveria fazer, foi feito. O inquérito está com os devidos indiciamentos – afirmou o coronel.
ZHESPORTES
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