VIOLÊNCIA NA SERRA
Após atacarem loja em Dois Irmãos, criminosos foram perseguidos e cercados em Nova Petrópolis
Dois dos quatro homens que atacaram a Loja Taqi, em Dois Irmãos, na quinta-feira, foram mortos em confronto com a Brigada Militar. De janeiro a ontem, 36 suspeitos morreram durante troca de tiros com PMs no Estado. A quadrilha tinha histórico de atuação em roubos e furtos em Porto Alegre, Ivoti e Viamão. Outros dois suspeitos foram presos.
Ogrupo acabou desarticulado por volta das 22h30min de quinta-feira, depois de mais de 12 horas de buscas em matagais nas proximidades do Ninho das Águias. Maurício da Silva Paiva, 21 anos, e Emerson Luiz Leal Rodrigues, o Memo, 33 anos, devem ser indiciados por roubo, formação de quadrilha e tentativa de homicídio contra os policiais. Os mortos foram identificados como Jefferson da Silva, 32 anos, e Erenaldo Bairros Gomes Júnior, 23 anos.
O quarteto se embrenhou na mata às 9h30min de quinta com dinheiro e eletrônicos supostamente roubados da loja. A perseguição dos policiais começou na BR-116, em Picada Café. O grupo furou a barreira em frente ao posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Nova Petrópolis, dando início ao primeiro confronto.
Próximo ao Ninho das Águias, eles abandonaram o Focus que ocupavam e se esconderam. PMs de Dois Irmãos, Nova Petrópolis e Caxias do Sul cercaram a região e iniciaram as buscas. Às 18h30, Silva e Paiva tentaram sair da mata e depararam com as guarnições. Um tiroteio se iniciou, e Silva acabou morto. Ele tinha um revólver calibre 38. Ferido com um tiro na perna, Paiva e se entregou.
Quatro horas depois, os dois remanescentes tentaram a mesma estratégia de fuga. Um novo confronto começou assim que a dupla deparou com a presença policial na BR-116. Gomes, que portava uma pistola calibre .40, acabou baleado duas vezes: na cabeça e no peito. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Nova Petrópolis. Rodrigues teria tentado voltar para a mata, mas acabou detido.
Celulares, tablets, câmeras e dinheiro foram recuperados
Dos quatro, apenas Paiva nunca foi indiciado, embora tenha ocorrências de lesão corporal contra ele. Silva tinha passagens por roubo, receptação e tráfico de drogas e era foragido da penitenciária de Jacuí. Segundo o delegado de Nova Petrópolis, Camilo Pereira Cardoso, que investiga o caso, a principal área de atuação era Porto Alegre. Júnior tinha antecedentes por receptação e porte ilegal de arma. Já Rodrigues tem registros por roubos, estelionato, furtos e arrombamentos, a maior parte cometida em Ivoti.
A suspeita é de que o grupo tenha tomado o rumo de Nova Petrópolis apenas para a fuga, já que nenhum deles tem passagens por crimes na Serra. Rodrigues e Paiva não quiseram prestar depoimento. Celulares, tablets, câmeras e cerca de R$ 5 mil roubados foram recuperados.
SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI
Tempo de enfrentamento
Desde o início de 2012 a Brigada Militar (BM) se envolveu em dezenas de confrontos com bandidos e levou a melhor em quase todos. Na quinta-feira, mais dois assaltantes foram encurralados e mortos. Outros três tinham sido mortos num roubo a banco em Lavras do Sul, há duas semanas. Naquela mesma semana, outros dois criminosos foram mortos em roubos a agências bancárias.
Os policiais militares estão matando mais? Não, segundo os dados oficiais. A BM matou 57 pessoas em 2012 e teve cinco soldados mortos por bandidos. Em 2013, até agora, 36 pessoas foram mortas por PMs gaúchos e um policial militar morreu em confronto.
Parece haver uma maior disposição para o enfrentamento por parte dos policiais, mas a cúpula da BM garante que não. Assegura que só morre quem reage a bala à tentativa de prisão – às vezes, nem esses. Um exemplo citado é o cerco a uma quadrilha em Nova Hartz, realizado há 20 dias. Os bandidos tinham fuzis e estavam melhor armados que os policiais, mas foram cercados. Na dúvida, se entregaram sem combate. E ninguém ficou ferido.
– Eles estavam num mato, sem qualquer testemunha por perto. Se houvesse intenção de executar, dificilmente ficou comprovado. Mas os PMs optaram por realizar a prisão e não atirar nos quadrilheiros, evidência de que não há qualquer orientação para matar – pondera um oficial que participou do cerco em Nova Hartz. O temor de quem está de fora é que, mesmo num cerco justificado, alguma bala perdida mate um inocente. Possibilidade existe. No tiroteio de Lavras do Sul, um funcionário do banco foi ferido de raspão. Mas apoio, até agora, a BM tem.
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