ZERO HORA 05 de novembro de 2013 | N° 17605
MAURICIO TONETTO*
CASO ENCERRADO
PMs são condenados por assassinato de coronel
Ex-chefe de aparelho da repressão, Molinas Dias foi morto a tiros na Capital em tentativa de roubo
A Justiça condenou os soldados da Brigada Militar Denys Pereira da Silva, 24 anos, e Maiquel de Almeida Guilherme, 32 anos, pela morte de Julio Miguel Molinas Dias. A vítima era coronel de reserva do Exército que comandou um centro de tortura no Rio de Janeiro durante a ditadura militar.
O crime aconteceu em novembro de 2012 no bairro Chácara das Pedras. Conforme a polícia, os PMs pretendiam roubar o arsenal que Molinas mantinha em casa. O coronel tinha 23 armas, entre revólveres, pistolas e espingardas. Na sentença, o juiz Luis Felipe Paim Fernandes, da 5ª Vara Criminal de Porto Alegre, afirmou: “A ligação de Denys e Maiquel foi mapeada pelas investigações, que demonstraram ações dos denunciados, dentre elas a utilização de veículos e armas para a perpetração do crime”. Cabe recurso à decisão.
Molinas foi executado quando dirigia um C4 na Rua Professor Ulisses Cabral. Ele foi seguido por um Gol clonado que, segundo a Justiça, era ocupado pelos PMs. Um vigia, que trabalhava no bairro, testemunhou o ataque. O cunhado de Denys relatou ao juiz que o PM conduzia um Gol “enrolado” e que pretendia adquirir o carro. O policial, porém, alegou não saber que o carro era roubado.
“É lógico que Denys tinha total e plena ciência que o veículo era proveniente de ilícito, até porque se trata de um policial militar que tinha conhecimento dos procedimentos para verificação da regularidade do automóvel. Não há como acolher a fantasiosa tese defensiva, que tenta fazer crer na ingenuidade de dois PMs que trabalham combatendo o crime, mas não sabiam tratar-se de veículo clonado”, ressaltou Fernandes na decisão judicial.
O envolvimento da dupla começou a ser descoberto a partir de suspeitas de que eles integrariam um grupo de assaltantes que agia na região do 11º BPM, na Zona Norte. O delegado Luís Fernando Martins de Oliveira sustentou que os soldados tinham conhecimento da coleção de armas da vítima.
Justiça decretou a perda da função pública dos policiais
A defesa dos policiais diz que o coronel foi vítima de um acerto de contas. A tese dos advogados é que, por ter comandado o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), o oficial “sabia muita coisa” sobre um dos períodos mais nebulosos da história brasileira.
– Era muito visado, tinha inimigos. – disse o advogado Carlo Velho Masi.
Ele também afirma que os soldados eram perseguidos no 11º BPM:
– Meus clientes sofriam represálias e ameaças por se negarem a trabalhar como seguranças particulares. Houve uma montagem para incluí-los no fato. Havia uma pressão muito grande da opinião pública para resolver o crime o quanto antes.
Os soldados estão presos na sede do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Na decisão, a Justiça decretou a perda de função pública dos PMs – incluindo salários, aposentadoria e benefícios –, o que só deve ocorrer quando esgotarem-se as possibilidades de recursos.
*Colaborou José Luís Costa
CASO ENCERRADO
PMs são condenados por assassinato de coronel
Ex-chefe de aparelho da repressão, Molinas Dias foi morto a tiros na Capital em tentativa de roubo
A Justiça condenou os soldados da Brigada Militar Denys Pereira da Silva, 24 anos, e Maiquel de Almeida Guilherme, 32 anos, pela morte de Julio Miguel Molinas Dias. A vítima era coronel de reserva do Exército que comandou um centro de tortura no Rio de Janeiro durante a ditadura militar.
O crime aconteceu em novembro de 2012 no bairro Chácara das Pedras. Conforme a polícia, os PMs pretendiam roubar o arsenal que Molinas mantinha em casa. O coronel tinha 23 armas, entre revólveres, pistolas e espingardas. Na sentença, o juiz Luis Felipe Paim Fernandes, da 5ª Vara Criminal de Porto Alegre, afirmou: “A ligação de Denys e Maiquel foi mapeada pelas investigações, que demonstraram ações dos denunciados, dentre elas a utilização de veículos e armas para a perpetração do crime”. Cabe recurso à decisão.
Molinas foi executado quando dirigia um C4 na Rua Professor Ulisses Cabral. Ele foi seguido por um Gol clonado que, segundo a Justiça, era ocupado pelos PMs. Um vigia, que trabalhava no bairro, testemunhou o ataque. O cunhado de Denys relatou ao juiz que o PM conduzia um Gol “enrolado” e que pretendia adquirir o carro. O policial, porém, alegou não saber que o carro era roubado.
“É lógico que Denys tinha total e plena ciência que o veículo era proveniente de ilícito, até porque se trata de um policial militar que tinha conhecimento dos procedimentos para verificação da regularidade do automóvel. Não há como acolher a fantasiosa tese defensiva, que tenta fazer crer na ingenuidade de dois PMs que trabalham combatendo o crime, mas não sabiam tratar-se de veículo clonado”, ressaltou Fernandes na decisão judicial.
O envolvimento da dupla começou a ser descoberto a partir de suspeitas de que eles integrariam um grupo de assaltantes que agia na região do 11º BPM, na Zona Norte. O delegado Luís Fernando Martins de Oliveira sustentou que os soldados tinham conhecimento da coleção de armas da vítima.
Justiça decretou a perda da função pública dos policiais
A defesa dos policiais diz que o coronel foi vítima de um acerto de contas. A tese dos advogados é que, por ter comandado o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), o oficial “sabia muita coisa” sobre um dos períodos mais nebulosos da história brasileira.
– Era muito visado, tinha inimigos. – disse o advogado Carlo Velho Masi.
Ele também afirma que os soldados eram perseguidos no 11º BPM:
– Meus clientes sofriam represálias e ameaças por se negarem a trabalhar como seguranças particulares. Houve uma montagem para incluí-los no fato. Havia uma pressão muito grande da opinião pública para resolver o crime o quanto antes.
Os soldados estão presos na sede do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Na decisão, a Justiça decretou a perda de função pública dos PMs – incluindo salários, aposentadoria e benefícios –, o que só deve ocorrer quando esgotarem-se as possibilidades de recursos.
*Colaborou José Luís Costa
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