ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sábado, 23 de novembro de 2013

ENTRE A CULPA E O DOLO

ZERO HORA 23 de novembro de 2013 | N° 17623


SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI


Li e reli a entrevista concedida pelo inspetor condenado ontem a 14 anos de prisão. Ele falou a Zero Hora logo após o tiro que disparou contra o vigilante Frederico Mattos, por ele confundido com um assaltante. Fiquei com a nítida impressão de que foi realmente um engano. Quatro homens dentro de uma agência bancária, num horário incomum (amanhecer). E que, ainda por cima, supostamente não obedeceram à ordem de ficarem parados, conforme o policial civil. Quando um deles fez movimento brusco, o agente disparou, ferindo mortalmente um homem que, depois se saberia, era inocente.

Poderia se resumir a um caso de “gatilho fácil”, a decisão de disparar tomada no calor das emoções. Mas aí vem a parte mais delicada: o cheque roubado, encontrado junto ao morto. Conforme o Ministério Público, isso foi “plantado” para justificar a morte do suposto assaltante, que na verdade não era criminoso. O júri também entendeu assim.

Se realmente ocorreu a inserção de prova falsa no local de crime, é o caso clássico da malandragem que se volta contra o malandro. Coisa de polícia antiga, que começa a ser banida entre os jovens agentes. Aquilo que era um acidente se transformou em crime premeditado, doloso. Assim interpretaram os jurados. Fica também uma lição: treinar, treinar, treinar. Atirar em alguém deve ser sempre o último recurso. Na dúvida se está diante de um crime, o policial sabe que deve fazer um cerco e esperar. Claro que é difícil decidir, numa fração de segundo. Mas plantar falso indício, caluniando o morto, é muito pior que ser imprudente.

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