SUA SEGURANÇA | HUMBERTO TREZZI
Li e reli a entrevista concedida pelo inspetor condenado ontem a 14 anos de prisão. Ele falou a Zero Hora logo após o tiro que disparou contra o vigilante Frederico Mattos, por ele confundido com um assaltante. Fiquei com a nítida impressão de que foi realmente um engano. Quatro homens dentro de uma agência bancária, num horário incomum (amanhecer). E que, ainda por cima, supostamente não obedeceram à ordem de ficarem parados, conforme o policial civil. Quando um deles fez movimento brusco, o agente disparou, ferindo mortalmente um homem que, depois se saberia, era inocente.
Poderia se resumir a um caso de “gatilho fácil”, a decisão de disparar tomada no calor das emoções. Mas aí vem a parte mais delicada: o cheque roubado, encontrado junto ao morto. Conforme o Ministério Público, isso foi “plantado” para justificar a morte do suposto assaltante, que na verdade não era criminoso. O júri também entendeu assim.
Se realmente ocorreu a inserção de prova falsa no local de crime, é o caso clássico da malandragem que se volta contra o malandro. Coisa de polícia antiga, que começa a ser banida entre os jovens agentes. Aquilo que era um acidente se transformou em crime premeditado, doloso. Assim interpretaram os jurados. Fica também uma lição: treinar, treinar, treinar. Atirar em alguém deve ser sempre o último recurso. Na dúvida se está diante de um crime, o policial sabe que deve fazer um cerco e esperar. Claro que é difícil decidir, numa fração de segundo. Mas plantar falso indício, caluniando o morto, é muito pior que ser imprudente.
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