ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

REABRINDO A TORRE


O SUL, Porto Alegre, Terça-feira, 12 de Novembro de 2013



WANDERLEY SOARES

A sociedade e a confiança na segurança


A quarentena foi longa, bem maior que previra eu. No entanto, não deixei de acompanhar o que rola na área da segurança pública em torno da qual resultados de pesquisas não surpreendem a ninguém. A sociedade não confia em seus organismos de segurança. Creio que o enfoque correto é o de que a sociedade não confia nas políticas de segurança pública dos governos. Não poderia ser diferente, não existe um Plano Nacional de Segurança Pública e cada Estado e municípios desenham, a seu talante, projetos, projetinhos e, neles, elegem até superpoliciais, que é o caso, por exemplo, do Rio, com o gaúcho José Beltrame, e aqui no Rio Grande, onde a tenente-coronel Nádia Gerhard, bem maquiada e de salto alto, tornou-se até conferencista sobre a Lei Maria da Penha. As operações eventualmente nacionais são amplamente divulgadas no melhor estilo da polícia por amostragem. Essas iniciativas perfumadas estão certas? Digo que todas são legais, legalíssimas. E há um grande projeto atrás disso? Sim, claro que há, pois os dispositivos de segurança pública, aqui no Rio Grande, estão sendo habilidosamente plantados e conjugados com o futuro político dos atuais governantes. Isso é segurança? É a segurança que temos


Não faz muito tempo, aconteceu bem antes de minha quarentena, diante das lideranças de todas as entidades representativas da Brigada Militar, o coronel Fábio Duarte Fernandes, sempre bem fardado e engomado, afirmou que ele não falava em nome da Corporação, mas em nome do governo. E Fábio, assim se comportando, deixa de ser um policial militar para se assumir como membro de lealdade incondicional da família petista que ocupa o Piratini. Ainda sobre Fábio, ele não poderia agir diferente diante de seus comandados (em verdade comandados de Tarso), pois é único e virtual candidato a deixar a Brigada e, como um movimento mágico, assumir, no próximo ano, uma cadeira de magistrado no Tribunal de Justiça Militar (também conhecido como o Tribunal da Brigada). Naquela Corte, Fábio chegará à aposentadoria compulsória, com soldo de desembargador, somente ao completar 70 anos de idade. É assim que se fazem os projetos de segurança pública que alcance cada cidadão? Não, por evidência não é. Mas é a segurança que temos. Começo, pois, a reabrir as janelas de minha torre para, como um humilde marquês, comentar o que meus olhos alcançam.

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