O SUL, Porto Alegre, Terça-feira, 12 de Novembro de 2013
WANDERLEY SOARES
A sociedade e a confiança na segurança
A quarentena foi longa, bem maior que previra eu. No entanto, não deixei de acompanhar o que rola na área da segurança pública em torno da qual resultados de pesquisas não surpreendem a ninguém. A sociedade não confia em seus organismos de segurança. Creio que o enfoque correto é o de que a sociedade não confia nas políticas de segurança pública dos governos. Não poderia ser diferente, não existe um Plano Nacional de Segurança Pública e cada Estado e municípios desenham, a seu talante, projetos, projetinhos e, neles, elegem até superpoliciais, que é o caso, por exemplo, do Rio, com o gaúcho José Beltrame, e aqui no Rio Grande, onde a tenente-coronel Nádia Gerhard, bem maquiada e de salto alto, tornou-se até conferencista sobre a Lei Maria da Penha. As operações eventualmente nacionais são amplamente divulgadas no melhor estilo da polícia por amostragem. Essas iniciativas perfumadas estão certas? Digo que todas são legais, legalíssimas. E há um grande projeto atrás disso? Sim, claro que há, pois os dispositivos de segurança pública, aqui no Rio Grande, estão sendo habilidosamente plantados e conjugados com o futuro político dos atuais governantes. Isso é segurança? É a segurança que temos
Não faz muito tempo, aconteceu bem antes de minha quarentena, diante das lideranças de todas as entidades representativas da Brigada Militar, o coronel Fábio Duarte Fernandes, sempre bem fardado e engomado, afirmou que ele não falava em nome da Corporação, mas em nome do governo. E Fábio, assim se comportando, deixa de ser um policial militar para se assumir como membro de lealdade incondicional da família petista que ocupa o Piratini. Ainda sobre Fábio, ele não poderia agir diferente diante de seus comandados (em verdade comandados de Tarso), pois é único e virtual candidato a deixar a Brigada e, como um movimento mágico, assumir, no próximo ano, uma cadeira de magistrado no Tribunal de Justiça Militar (também conhecido como o Tribunal da Brigada). Naquela Corte, Fábio chegará à aposentadoria compulsória, com soldo de desembargador, somente ao completar 70 anos de idade. É assim que se fazem os projetos de segurança pública que alcance cada cidadão? Não, por evidência não é. Mas é a segurança que temos. Começo, pois, a reabrir as janelas de minha torre para, como um humilde marquês, comentar o que meus olhos alcançam.
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