FOLHA.COM 07/08/2012 - 17h34
Treze policiais são presos suspeitos de integrar máfia de jogo ilegal em SP
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
Dez policiais militares e três policiais civis da região da Baixada Santista foram presos nesta terça-feira sob suspeita de participar de um esquema de exploração do jogo ilegal (bingos e caça-níqueis) nas cidades de Santos, São Vicente e Praia Grande.
Para prender os policiais, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Santos, do Ministério Público, contou com o apoio da Rota (grupo especial da PM paulista) e das corregedorias das polícias Civil e Militar.
Segundo o Gaeco, uma espécie de associação irregular criou um cadastro de comerciantes para manter caça-níqueis em seus estabelecimentos e cobrava valores quinzenais para deixar as máquinas em funcionamento. Os policiais davam proteção e faziam vista grossa ao esquema.
Além dos dez PMs e três policiais civis, também estão presos quatro maquineiros (exploradores do jogo ilegal) e um advogado. Outros quatro maquineiros e um policial civil estão com a prisão temporária decretada pela Justiça e, agora, são considerados foragidos.
De acordo com o Gaeco, os três policiais civis presos são chefes das equipes de investigadores das delegacias onde trabalhavam e recebiam propina para fazer vista grossa ao jogo ilegal.
São eles: Agostinho Pereira (DP sede de São Vicente), Otávio Francisco Dantas Delgado (1º DP de São Vicente) e Marcio da Silva de Almeida (chefe dos escrivães do 2º DP de São Vicente). A reportagem não localizou os advogados de defesa dos policiais civis.
O chefe dos investigadores do 2º DP de São Vicente, Fabiano Salvador Mira Marques, é o policial civil foragido.
Ainda segundo o Gaeco, diversos documentos foram apreendidos nas bases da organização criminosa e eles comprovam o pagamento de propina aos policiais civis e militares.
Foram apreendidas 81 máquinas caça-níqueis, 102 monitores, 6 computadores, 78 noteiros (a peça mais cara dos caça-níqueis, avaliada em cerca de US$ 300, e onde o apostador introduz dinheiro) e R$ 27.323,30 em dinheiro.
Os maquineiros presos até agora são: José Castanheira Filho, Alexandre David Santos, Carlos Alberto Teixeira de Azevedo e Vanessa Alessandra de Bechilia.
Vanessa é apontada pelo Gaeco de Santos como "braço direito" Carlos Miguel Correia Vieira, tido como chefe do grupo criminoso e que está foragido, assim como Emerson Adriano de Oliveira, Josimagno Matias de Souza e Perivaldo Oliveira Santana. A reportagem não localizou até agora os defensores dos investigados sob suspeita de explorar o jogo ilegal.
Os PMs presos são: André Araújo Patrocínio, Marcos Paulo Souza Diegues, David Gouveia Lowe, José Carlos de Souza Cedro, Edinaldo José da Silva, Adonis Gonçalves de Andrade, Flávio Rodrigo Santos de Jesus, Fábio Luiz dos Santos, Silvio Gambine e Hélvio Luiz Rodrigues (PM reformado). Todos são apontados pelo Gaeco de Santos como seguranças do esquema ilegal do jogo ilegal.
Nenhum advogado de defesa dos PMs presos foi encontrado até o momento. A reportagem também solicitou entrevista com o comandante-geral da PM, coronel Roberval Ferreira França, mas sua assessoria de imprensa não se pronunciou até agora.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
terça-feira, 7 de agosto de 2012
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