TIROS NO CAMPO. Agricultor é morto em confronto com a BM
Polícia Civil apura circunstâncias em que homem de 74 anos foi baleado, ao resistir a abordagem
MARIELISE FERREIRA | ERECHIM/CORRESPONDENTE
A morte de um agricultor de 74 anos durante o atendimento de uma ocorrência da Brigada Militar em Erechim, na manhã de ontem, é investigada pela Polícia Civil. Revoltados, familiares de Selvino Alexis Michalski alegam que, na tentativa de conter o idoso, houve excesso por parte dos policiais militares. A BM afirma que os PMs reagiram a um disparo feito pelo produtor rural.
Filhos e netos assistiram ao episódio que culminou com a morte do agricultor, às 6h40min. Depois de passar a noite inteira trabalhando, e de ter bebido, Michalski teria iniciado uma discussão com um funcionário da propriedade. Os gritos foram ouvidos por vizinhos, que chamaram a Brigada.
Conforme a corporação, dois policiais foram à propriedade numa viatura, no bairro Agrícola Dois, e tentaram conversar com Michalski. Sem conseguir convencê-lo a largar um revólver calibre 38 que apontava para o funcionário, os policiais pediram reforços. Outras duas viaturas com três policiais se dirigiram ao local.
– Eles usaram a teaser (arma não letal) para dar um choque no meu avô e, quando foi atingido nas costas, ele achou que tinha sido baleado e atirou também – conta Erexauá Michalski.
Os policiais revidaram e atiraram contra o agricultor, usando uma espingarda calibre 12 e uma pistola .40. Atingido no tórax, ele chegou a ser levado ao Hospital Santa Terezinha, mas não resistiu aos ferimentos.
A médica Joice Michalski, filha do agricultor, disse que buscará justiça:
– Ele já estava caído e continuaram atirando. Foi muito violento, os policiais não tinham o mínimo preparo.
O local foi isolado para perícia, e as armas usadas pelos policiais foram apreendidas. O delegado Germano Lima solicitou necropsia para apurar quantos tiros atingiram o agricultor e qual o calibre das armas. Também foi realizado exame de toxicidade para apurar o teor alcoólico e exame para detectar pólvora nas mãos do agricultor, para checar se ele disparou a arma.
Oficial diz que produtor ameaçava empregado
Os nomes dos policiais que atiraram não foram divulgados.
– Vamos tratar o caso como homicídio doloso (quando há intenção de matar) e apurá-lo de forma transparente, independentemente de envolver policiais militares – disse o delegado regional Gerson Fraga.
O comandante do 13º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Antônio Gilceu de Souza, anunciou que a BM vai instaurar inquérito policial-militar para apurar o caso:
– O cenário que encontraram foi um homem irado, apontando a arma para a cabeça do empregado, e dizendo que mataria alguém. O resultado poderia ter sido diferente, o soldado ou o funcionário poderiam ter morrido.
Segundo Souza, um dos policiais que atiraram trabalha há 20 anos na corporação e era conhecido do agricultor. Abalado, ele pediu afastamento.
O perfil da vítima
Selvino Michalski mantinha, na parede da sala, a dispensa do Exército – serviu em quartel de Santa Maria, com honra ao mérito. Conhecido na cidade como Verdureiro, ele tirava da horticultura e piscicultura o sustento dos cinco filhos, que se orgulhava de ter enviado à universidade.
Nos últimos anos, o trabalho tirava o sono do produtor. Somado ao sofrimento das perdas acumuladas com a seca deste ano, a depressão o levou ao alcoolismo. O relato de familiares dá conta de um pai honesto, trabalhador, amoroso, mas pavio curto.
– Era o jeito dele colocar o sofrimento pra fora, gritava, dizia que matava, mas não fazia nada – conta o neto Erexauá Michalski.
Era conhecido na comunidade por sua produção de carpas, vendida na Semana Santa.
A morte de um agricultor de 74 anos durante o atendimento de uma ocorrência da Brigada Militar em Erechim, na manhã de ontem, é investigada pela Polícia Civil. Revoltados, familiares de Selvino Alexis Michalski alegam que, na tentativa de conter o idoso, houve excesso por parte dos policiais militares. A BM afirma que os PMs reagiram a um disparo feito pelo produtor rural.
Filhos e netos assistiram ao episódio que culminou com a morte do agricultor, às 6h40min. Depois de passar a noite inteira trabalhando, e de ter bebido, Michalski teria iniciado uma discussão com um funcionário da propriedade. Os gritos foram ouvidos por vizinhos, que chamaram a Brigada.
Conforme a corporação, dois policiais foram à propriedade numa viatura, no bairro Agrícola Dois, e tentaram conversar com Michalski. Sem conseguir convencê-lo a largar um revólver calibre 38 que apontava para o funcionário, os policiais pediram reforços. Outras duas viaturas com três policiais se dirigiram ao local.
– Eles usaram a teaser (arma não letal) para dar um choque no meu avô e, quando foi atingido nas costas, ele achou que tinha sido baleado e atirou também – conta Erexauá Michalski.
Os policiais revidaram e atiraram contra o agricultor, usando uma espingarda calibre 12 e uma pistola .40. Atingido no tórax, ele chegou a ser levado ao Hospital Santa Terezinha, mas não resistiu aos ferimentos.
A médica Joice Michalski, filha do agricultor, disse que buscará justiça:
– Ele já estava caído e continuaram atirando. Foi muito violento, os policiais não tinham o mínimo preparo.
O local foi isolado para perícia, e as armas usadas pelos policiais foram apreendidas. O delegado Germano Lima solicitou necropsia para apurar quantos tiros atingiram o agricultor e qual o calibre das armas. Também foi realizado exame de toxicidade para apurar o teor alcoólico e exame para detectar pólvora nas mãos do agricultor, para checar se ele disparou a arma.
Oficial diz que produtor ameaçava empregado
Os nomes dos policiais que atiraram não foram divulgados.
– Vamos tratar o caso como homicídio doloso (quando há intenção de matar) e apurá-lo de forma transparente, independentemente de envolver policiais militares – disse o delegado regional Gerson Fraga.
O comandante do 13º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Antônio Gilceu de Souza, anunciou que a BM vai instaurar inquérito policial-militar para apurar o caso:
– O cenário que encontraram foi um homem irado, apontando a arma para a cabeça do empregado, e dizendo que mataria alguém. O resultado poderia ter sido diferente, o soldado ou o funcionário poderiam ter morrido.
Segundo Souza, um dos policiais que atiraram trabalha há 20 anos na corporação e era conhecido do agricultor. Abalado, ele pediu afastamento.
O perfil da vítima
Selvino Michalski mantinha, na parede da sala, a dispensa do Exército – serviu em quartel de Santa Maria, com honra ao mérito. Conhecido na cidade como Verdureiro, ele tirava da horticultura e piscicultura o sustento dos cinco filhos, que se orgulhava de ter enviado à universidade.
Nos últimos anos, o trabalho tirava o sono do produtor. Somado ao sofrimento das perdas acumuladas com a seca deste ano, a depressão o levou ao alcoolismo. O relato de familiares dá conta de um pai honesto, trabalhador, amoroso, mas pavio curto.
– Era o jeito dele colocar o sofrimento pra fora, gritava, dizia que matava, mas não fazia nada – conta o neto Erexauá Michalski.
Era conhecido na comunidade por sua produção de carpas, vendida na Semana Santa.
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