ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

OPERAÇÃO-ABUSO


ZERO HORA 17 de agosto de 2012 | N° 17164

EDITORIAL


Os milhares de brasileiros prejudicados pelas operações-padrão da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal nos aeroportos, portos, estradas e fronteiras do país têm novos motivos para exigir que o Congresso Nacional aprove logo a regulamentação das greves no serviço público. Não é possível que os cidadãos que sustentam a administração pública com seus impostos continuem reféns de servidores que se julgam donos do Estado e colocam seus interesses acima dos direitos coletivos. Mais preocupante ainda, porque implica autoritarismo e afronta às liberdades individuais, é o uso da força policial para a obtenção de um intento corporativo, por mais justo que possa ser.

É lamentável que a imagem de instituições respeitadas como as duas corporações referidas, de inestimáveis serviços prestados à nação, seja manchada por lideranças sindicais e por servidores que desrespeitam os demais cidadãos. Quem vai confiar numa polícia que perturba deliberadamente a vida e a rotina dos cidadãos, apenas para pressionar o governo pelo atendimento de suas demandas? E onde estão os superiores desses manifestantes, que permitem a sublevação da ordem pública exatamente por quem deveria preservá-la? Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, chegou a admitir que algumas situações geradas pelo movimento “passaram do limite da legalidade”, mas não anunciou nenhuma medida concreta para coibir os abusos.

As reivindicações dos servidores públicos podem ser legítimas, e todos os cidadãos deste país, sejam eles funcionários do governo ou da iniciativa privada, têm o direito de paralisar suas atividades como assegura a Constituição – desde que, logicamente, arquem com as consequências de suas atitudes. Mas ninguém pode pretender que seus interesses se sobreponham aos dos demais brasileiros, que também têm necessidades, urgências, compromissos para cumprir, horários marcados e tantas outras ações desconsideradas pelos manifestantes.

Os manifestantes alegam que não se trata de greve, mas, sim, de operação-padrão, pois não deixaram de exercer suas obrigações profissionais. Trata-se, evidentemente, de uma hipocrisia. Ao dificultar a movimentação de pessoas nas estradas e aeroportos, eles promoveram na verdade uma operação-abuso, utilizando-se da própria autoridade para oprimir quem deveriam proteger e ajudar. Os bons servidores policiais, ainda que pleiteiem talvez justamente as mesmas causas, certamente não compactuam com tal comportamento.

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