ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

INSPETOR SUSPEITO DE RECEBER PROPINA DO JOGO TINHA INFORMAÇÕES SOBRE AÇÕES DA POLÍCIA


Inspetor preso em operação contra o jogo do bicho tinha informações privilegiadas sobre ações da polícia . Chefe de investigações da 4ª DP (Central) Weber Santos de Oliveira, está no Bangu 8 e será submetido a um processo disciplinar administrativo

Ana Cláudia Costa
O GLOBO 30/08/12 - 15h34



A polícia chegou até o grupo após 14 apontadores do jogo do bicho terem sido presos em uma operação no Centro e na Zona Sul Gabriel de Paiva / O Globo


RIO - O inspetor da Polícia Civil e chefe de investigações da 4ª DP (Central) Weber Santos de Oliveira, de 52 anos, preso na manhã desta quarta-feira por receber propinas do Jogo do Bicho, tinha informações privilegiadas sobre investigações da polícia. Durante os anos de 2008 e 2009 Weber trabalhou na Coordenadoria de Informações e Inteligência Policial (Cinpol) e nesse cargo tinha acesso inclusive sobre operações ligadas ao jogo do bicho.

Além do Cinpol, Weber, que entrou para a polícia em 1990 passou pela delegacia de São Gonçalo, pela 25ª DP (Rocha), Delegacia de Fiscalização de Armas e Explosivos (Dfae) e delegacia de Cabo Frio. Segundo o corregedor da Polícia Civil, delegado Gilson Emiliano, o inspetor está detido no presídio de segurança máxima Bangu 8 e teve sua carteira, distintivo e arma recolhidos. Weber será submetido a um processo disciplinar administrativo que poderá resultar de sua demissão da polícia.

— Nós não vamos tolerar qualquer desvio de policiais. Isso é inadmissível e sempre que a corregedoria tomar ciência desses atos ilícitos vai atuar. A sociedade não atura mais esses desvios de conduta — disse o corregedor Gilson Emiliano.

No início da madrugada desta quinta-feira, o comando da Polícia Militar informou, em nota, que foram exonerados os comandantes do 5º BPM (Praça da Harmonia), coronel Amaury Simões, e o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, capitão Glauco Schorcht. O chefe do serviço reservado do batalhão, capitão Anderson Luiz de Souza, e os sargentos Marcos Aurélio das Chagas e Marcos André dos Santos, da UPP, são acusados de darem cobertura às ações da quadrilha do contraventor Evandro Machado dos Santos, conhecido como Bedeu.

A decisão foi tomada após reunião na noite desta quarta-feira no Quartel-General da PM, depois da análise das informações obtidas durante a Operação Catedral. O chefe do Serviço Reservado do 5º BPM (Praça da Harmonia) recebia R$ 9,4 mil para fazer a vista grossa às bancas de apostas. Lotados na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Morro da Providência, os sargentos Marcos Aurélio das Chagas e Marcos André dos Santos recebiam por semana R$ 150 e R$ 75 respectivamente para não reprimir o jogo do bicho na área da UPP da Providência.

Para o comando do 5º BPM foi nomeado o tenente-coronel Sidney Camargo de Melo, que era subcomandante do 1º Comando de Policiamento de Área (1º CPA). Para a UPP da Providência foi designado o capitão Felipe Lopes Magalhães, que comandava a UPP Babilônia e Chapéu Mangueira desde junho de 2009.

O comando da PM determinou ainda a abertura de Inquérito Policial-Militar para apurar o envolvimento e participação de policiais com contraventores presos nesta quarta-feira.

Polícia Civil afastou delegado na quarta-feira

Após a notícia da prisão do chefe do Grupo de Investigações Criminais (GIC) da 4ª DP (Praça da República) durante uma operação contra a quadrilha acusada de controlar o Jogo do Bicho no Centro do Rio, a chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, anunciou o afastamento do delegado titular da unidade. Em nota, ela afirma que o afastamento é imediato:

"A chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, após ter tomado ciência da prisão do chefe do Grupo de Investigações Criminais (GIC) da 4ª DP (Praça da República), adotou como critério administrativo o imediato afastamento do respectivo delegado titular, Henrique Pessoa", diz a nota. José Secundino, delegado adjunto, vai ficar interinamente como titular na 4ª DP.

O chefe do serviço de investigações da 4ª DP (Central) Weber Santos de Oliveira recebia mensalmente R$ 16 mil para passar informações sobre investigações ao grupo que explorava o jogo do bicho. O dinheiro era entregue pelo policial civil aposentado Alan Cardeque Manoel Villela.

Pelo menos 18 pessoas foram presas nesta quarta-feira, em uma operação desencadeada pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança e pela 1ª Central de Inquéritos do Ministério Público contra uma quadrilha de bicheiros que atua na região da Central do Brasil, em partes do Centro e em São Cristóvão, na Zona Norte. Policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco/IE) cumprem 24 mandados de prisão contra integrantes da cúpula da organização, entre eles policiais civis e militares da região e também agentes da reserva. Segundo as investigações, que começaram em janeiro deste ano, o lucro da quadrilha era de R$170 mil por mês. Os bicheiros pagavam mensalmente R$ 30 mil em propina para policiais envolvidos no esquema.

Nenhum comentário:

Postar um comentário