Governo vai cortar ponto de policial federal. Ministro também pede processos disciplinares contra abusos de grevistas em operações-padrão.
O Estado de S.Paulo 21 de agosto de 2012 | 3h 05
Ao mesmo tempo em que abre negociações com os servidores públicos em greve, o governo decidiu enquadrar os setores considerados mais radicais. Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou o corte de ponto dos agentes da Polícia Federal que faltarem ao serviço por causa da greve.
Em contato com o diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, o ministro orientou ainda a abertura, pela corregedoria, de processos disciplinares contra policias que estejam abusando da população sob o manto da chamada operação-padrão.
Na semana passada, o ministro do Superior Tribunal de Justiça acatou pedido do governo, considerou ilegal e proibiu a operação-padrão dos servidores da PF e da Polícia Rodoviária Federal. Na decisão, Maia Filho proíbe ainda que "sejam adotados cerceamentos à livre circulação de pessoas, sejam colegas do serviço público, autoridades ou usuários". Para o ministro do STJ, a operação-padrão "é tática que provoca inegáveis perturbações no desempenho de quaisquer atividades administrativas".
Ontem, a União das Carreiras de Estado, que representa 22 categorias de servidores, divulgou nota na qual considera insuficiente a proposta do governo de conceder aumento de 15,8% em três anos e marcou para a próxima quinta-feira assembleia para discutir paralisações, que atingiriam o Banco Central e a Controladoria-Geral da União, entre outras. O governo reservou entre R$ 14 bilhões e R$ 22 bilhões para o reajuste de servidores, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.
No campo. Movimentos sociais como o dos Sem-Terra (MST), o de agricultores (Contag), de índios e quilombolas (Conaq) já pensam em reeditar no campo a mobilização feita pelos servidores federais. Insatisfeitos com a "inoperância" do governo federal em relação a políticas de agricultura familiar e aos dez meses sem resposta às propostas apresentadas, consideram organizar "uma grande marcha com 300 mil pessoas na rua", disse ontem ao Estado o secretário de Política Agrária da Contag, Willian Clementino. A marcha, diz, pode ocorrer ainda este ano porque "as lideranças não suportam mais se sentar com ministros e secretários para discutir questões pontuais, quando na verdade reivindicam uma política efetiva de reforma agrária".
/ COLABOROU DÉBORA BERGAMASCO
Polícia Rodoviária Federal planeja greve nacional. Representante da categoria estima que 21 das 24 unidades regionais paralisem as atividades até o fim da semana; nova reunião com governo está prevista para quinta
Polícia Rodoviária Federal planeja greve nacional. Representante da categoria estima que 21 das 24 unidades regionais paralisem as atividades até o fim da semana; nova reunião com governo está prevista para quinta
Gheisa Lessa, de O Estado de S.Paulo 20 de agosto de 2012 | 14h 59
Os policiais rodoviários federais de todo o Brasil entram em greve nesta segunda-feira, 20. A paralisação nacional foi aceita durante assembleia realizada no último sábado e a adesão é feita de forma gradual, de acordo com as necessidades de cada sindicato estadual (Sinprf).
Há 24 sindicatos regionais e a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) calcula que 21 atendem ao comando de greve até a próxima sexta-feira, 24, um dia depois de uma reunião com o Ministério do Planejamento, que deve acontecer na quinta-feira, 23. Alguns Estados já tinham iniciado o movimento na semana passada.
Segundo a categoria, entre os serviços prejudicados com a paralisação, está o combate aos crimes em estradas e rodovias, ao tráfico de drogas assim como a fiscalização de cargas, sonegação de impostos e crimes de trânsito. O policiamento nas fronteiras do País também será reduzido, 30% do efetivo segue com os trabalhos.
A FenaPRF afirma que a greve persistirá até um acordo com o governo federal. Entre os itens da pauta de reivindicações, os policiais rodoviários federais pedem, principalmente, uma recomposição salarial e o reconhecimento do nível superior para o cargo de PRF.
Na cidade de São Paulo, de acordo com o Sinprf-SP, a greve começará ainda nesta semana. O sindicato aguarda a publicação do edital com o comando de greve para aderir ao movimento.
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