WANDERLEY SOARES
As organizações policiais têm outras formas de reivindicar.
As organizações policiais do País, federal e estaduais, militares e civis, com baixos salários, com planos de carreira, quando existentes, permeados de chaves e chavetas de ordem política partidária, com efetivos permanentemente muito abaixo do que o suficiente, com condições de trabalho, em algumas regiões, que atingem níveis vexaminosos, carentes de um projeto nacional estrategicamente regionalizado e sempre dirigido à segurança de cada cidadão, no Rio Grande ou no Piauí, não simplesmente visando a um torneio internacional de futebol, aos carnavais ou eventos outros, poderiam, simplesmente fazer o que é possível fazer, o que, em algumas circunstâncias é quase nada. Ocorre que os profissionais da segurança - vale destacar os gaúchos, tirante os palacianos em atividades de cola-fina, com direitos a todas as promoções, carregadores de malas e abridores de porta - trabalham, cada um deles, no mínimo, por dois. E, se assim não fosse, a bandidagem teria total domínio sobre a comunidade. Sigam-me.
Braço político
Sem pretender nem ter condições de esgotar o tema, ao seguir as ideias excessivamente tolerantes dos conselheiros de minha torre, dentro da moldura que aqui traço, ressalto que a segurança pública é braço político poderoso de quem está no poder, pois o guarda que está na esquina é o governo presente e, se o guarda ali não estiver, é o governo ausente. E os policiais, durante décadas, eram orgulhosos de serem guardiões não do cidadão e da lei, mas do governo, especialmente durante os anos da ditadura militar. As novas gerações de profissionais da segurança, no entanto, descobriram que eles eram trabalhadores e que não poderiam servir, simplesmente, de marionetes. Mas tudo isso aconteceu por provocação do próprio governo. E hoje temos greve da poderosa Polícia Federal, cujos membros não tem nenhuma ideia de como sobrevive um soldado da Brigada Militar. Para quem, como eu, viu federais engravatados servirem de censores em redação de jornal, o momento é de júbilo democrático, mesmo entendendo que as organizações policiais tem outras formas de reivindicar sem greve. A greve da polícia é, sempre, contra o cidadão.
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