ZERO HORA 27 de agosto de 2012. ALVOS VULNERÁVEIS
Cidades pequenas ficam sem policiamento noturno
Ataque a banco em Picada Café, na Serra, expõe falta de efetivo no Interior
FRANCISCO AMORIMA explosão do cofre do Banco do Brasil de Picada Café, na Serra, revelou uma realidade surpreendente: a falta de efetivo deixa cidades pequenas sem policiamento nas madrugadas. Apesar do argumento de que guarnições da vizinha Nova Petrópolis estavam incumbidas das rondas noturnas, o ataque na cidade serrana de 4,8 mil habitantes demonstrou a fragilidade da segurança pública em municípios pouco populosos do interior gaúcho.
Ao invadir a agência na madrugada de sábado, o bando armado agiu sem ser incomodado. Os ladrões tiveram tempo de explodir o cofre e sair da cidade sem enfrentar qualquer resistência. A primeira guarnição da Brigada Militar chegou após o ataque, depois de percorrer os 9,4 quilômetros da rodovia BR-116 que separam as duas cidades da Serra.
– Não ter policiamento é um fator a mais para esses criminosos. Não é que escolham uma cidade apenas por isso, mas conta muito – avalia o delegado Juliano Ferreira, titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Quantidade de cidades sem PMs à noite não é informada
A falta de PMs durante a madrugada devido à falta de efetivo não é problema restrito à Picada Café. Fontes ligadas ao primeiro e segundo escalões da Brigada Militar revelam a Zero Hora que a prática é mais comum do que moradores dos pequenos municípios gaúchos imaginam. Em cidades com até 5 mil habitantes, geralmente guarnecidas por não mais de 10 PMs, não é raro ficar sem brigadiano à noite. A carência é driblada com apoio de guarnições de municípios maiores. O número de cidades prejudicadas, no entanto, não é informado pela BM.
Procurado por ZH, o chefe do Estado Maior da Brigada, coronel Valmor Araújo de Mello, afirmou que a prática não é comum:
– Acontece, mas, não é a regra. O ideal é que sempre PMs da cidade façam o policiamento ostensivo. Quando não há essa possibilidade, a determinação é que guarnições da cidade mais próxima assumam a função.
Alegando ser uma questão estratégica, a BM não divulga também o efetivo da corporação nas pequenas cidades. O oficial, no entanto, não desmente a escassez de pessoal. Sobre isso, o coronel destaca que ações integradas com os batalhões e pelotões de Operações Especiais têm sido intensificadas em áreas consideradas de maior risco, como em municípios do entorno de metrópoles regionais como Caxias do Sul e Passo Fundo.
– Nesse sentido, o trabalho de inteligência policial tenta prevenir ataques – comenta.
COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Não é só nas pequenas cidades que não têm policiamento noturno, pois em cidades maiores também não têm. O problema é que o Estado investe muito pouco em efetivos policiais e muito mais em viaturas, e ambos os casaos favorecem o sumiço dos policiais. Além do que é alta a incidência de baixas e licenças devido ao estresse da profissão e dos pedidos de aposentadoria. É também preciso lembrar que a jornada policial é de 40 horas semanais para as 24 horas do dia. Numa previsão subjetiva, a demanda para cada atender um município pequeno precisaria de efetivo para ocupar a sede (atendimento de ocorrências), um posto de patrulhamento de rua e prever a folga regulamentar, férias e dispensas, o que somaria de pelo menos 20 policiais mais o comandante do Destacamento Policial. Sem falar que o ideal seria a proporção mínima de 1 policial para cada 250 habitante, não podendo contar os policiais civis já que estes não atuam diretamente nas ruas.
PREVISÃO SUBJETIVA IDEAL
Comando: um Capitão ou Tenente comandante
Patrulheiros: Turno ( 6 horas) - Sede - Patrulhamento de rua
1 Turno (00 as 06h) - 2 PM - 2 PM
2 Turno (06 as 12h) - 2 PM - 2 PM
3 Turno (12 as 18h) - 2 PM - 2 PM
4 Turno (18 as 24h) - 2 PM - 2 PM
Reserva- 2 PM - 2 PM
TOTAL - 10 PM + 10 PM = 20 PM/ 21 com o Cmt.
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