PLANALTO X SINDICATOS. Irritado com os abusos durante protestos, governo federal prepara projeto para regulamentar paralisações no serviço público
CAROLINA BAHIA E FÁBIO SCHAFFNER | BRASÍLIA
Diante do que considera um motim de setores do funcionalismo público, a presidente Dilma Rousseff está disposta a demitir os servidores que cometerem abusos durante a onda de greves que se estende pelo país. Além das punições e do corte do ponto de mais de 11 mil servidores, o Planalto trabalha em uma lei para normatizar as paralisações no setor público.
– O limite foi alcançado. Não há mais como tolerar essa situação – resumiu ontem o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams.
A nova lei deverá ser enviada ao Congresso após as eleições, quando os parlamentares retomarem o ritmo normal de trabalho. O governo sabe que dificilmente uma proposta polêmica seria aprovada durante o período eleitoral, quando os políticos estão mais suscetíveis às pressões das categorias organizadas. Um dos pontos mais controversos do texto em elaboração na Secretaria Geral da Presidência prevê a proibição de greve aos servidores que trabalham armados.
Com cortes no ponto, governo deixa de pagar R$ 20 milhões
Essa é uma questão de honra para Dilma, que ficou indignada com uma faixa pendurada em um posto da Polícia Rodoviária Federal na Via Dutra, na qual os grevistas escreveram que a estrada era “passagem livre para tráfico de drogas e armas”. A presidente determinou ao Ministério da Justiça que identifique os autores da faixa, punindo os responsáveis. Na semana passada, o governo já havia obtido uma vitória na Justiça ao garantir a ilegalidade das operações-padrão.
Dilma também tem desabafado com assessores que não aguenta mais as barulhentas manifestações em frente ao Palácio do Planalto. Ela já restringiu as aparições públicas para evitar contato com os grevistas. A postura enérgica se acentuou na terça-feira, com o corte do ponto de 11.495 servidores – a Justiça Federal em Porto Alegre concedeu liminar que impede a União de efetuar qualquer desconto salarial dos policiais federais em greve no Estado. Com a medida, segundo cálculos do Ministério do Planejamento, o governo deixa de pagar R$ 20,6 milhões pelos dias parados.
– A ordem é não afrouxar. Não ceder além do que já oferecido – afirma um assessor palaciano.
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