A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
domingo, 24 de abril de 2011
UM VERDADEIRO CASO DE POLÍCIA
Celso Athayde, Yahoo Noticias - Portal da ASSTBM
Normalmente, quando se fala de polícia, é para reclamar. Lógico, apesar de todos acharem importante o trabalho dos policiais, ninguém gosta de ser revistado, parado por eles. Bafômetro então… nem senador gosta.
Em geral, a polícia é o nosso saco de pancada. Todo mundo gosta de bater – de longe , claro. Temos razão muitas vezes, e outras nem tanto, mas hoje a ideia não é bater nem elogiar a corporação, mas provocar uma reflexão a respeito das reivindicações que eles têm feito há algum tempo.
Tô falando de uma tal de PEC 300. Lógico que eu não sei profundamente o que é isso, e nem quem são as pessoas que são contra ela, por isso a reflexão é importante. Em um país capitalista, é natural que o objeto central de reivindicações sejam melhores salários para os profissionais terem mais dedicação por suas atividades e ampararem melhor suas famílias. Isso serve pra todo mundo , não seria diferente aqui. Mas o que nós temos com isso? Aí é que eu também quero saber. Depois de pensar um pouco sobre isso, percebi que não se trata somente de aumento de salário para policiais , mas de uma nova ordem, uma reorganização da segurança pública. Sendo assim, seria um problema de todos nós, pois as conseqüências de um novo modelo e de bons salários impactaria diretamente no dia a dia das cidades, na tranqüilidade das instituições.
Bem, então é simples, basta aprovar e votar a tal da PEC 300, já que todos juram que a polícia vai ser muito melhor, menos corrupta. Até onde eu sei, o gargalo está no fato de que no dia 4 de setembro de 2008 começava a tramitar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, que propunha equiparar os vencimentos das Policiais Militares e Bombeiros Militares de todas as unidades da federação com os praticados pelo Distrito Federal, de autoria do Deputado Federal Arnaldo Faria de SÁ(PTB/SP).
Mais de dois anos se passaram e pouca coisa avançou na discussão. De vez em quando aparece uma crise aqui, outra lá, e a polêmica volta a tona. Foi o que aconteceu por exemplo durante a operação no Complexo do Alemão , quando muitos policiais após serem chamados de heróis não perderam a oportunidade de dar uma cutucada na tal PEC. Alías, quanto será que eles ganham? Quanto será que eles merecem ganhar? Na época, o líder do governo na câmara, Claudio Vacarezza, disse que ela seria votada ainda em 2011. Por enquanto ainda não aconteceu.
Enquanto a votação não sai, cada parte envolvida puxa a sardinha para o seu lado. O governo alega que equiparar os salários de todo o Brasil aos do Distrito Federal geraria mais um rombo no orçamento, e pelo que estou vendo acho que vai ter rombo mesmo. O governo Dilma, como todos sabem, iniciou-se com o anúncio de um grande corte de verbas, a fim de equilibrar as contas públicas.
A PEC-300 estabelece que caberá ao governo federal o encargo de complementar os novos salários dos PMs enquanto os Estados não puderem assumir os gastos. O salário inicial de um policial de Estados como Pernambuco ou Alagoas, por exemplo, que não chega muitas vezes a R$ 900,00 passaria para cerca de R$ 4.000,00, de acordo com o salário inicial de um policial do Distrito Federal.
Por outro lado, os policiais alegam que teriam condições dignas de vida, teriam o salário que merecem, e que não precisariam fazer os famosos “bicos”. Uma anomalia inclusive. O segundo emprego é ilegal, já que, de acordo com a lei, o policial deverá ter exclusividade, dedicação total a você, tipo Casas Bahia. Essa ilegalidade deixa muitas vezes de ser fiscalizada ou denunciada pelos superiores, visto a impossibilidade de nossos “policiais infratores” viverem e sustentarem família apenas com seus vencimentos.
A PEC 300 seria então a solução para os “bicos”? Não veríamos mais policiais trabalhando como seguranças em eventos, festas, farras e etc? E a corrupção então? Será que com salários dignos e que merecem acabaria o famoso “café”? Porque agora sim os policiais poderiam pagar seus cafés, refrigerantes, chás e até mesmo aquela cervejinha. Fora do expediente, claro. A medida acabaria com a corrupção? Ou esse seria um mal que assola a sociedade como um todo?
Me pergunto também como é a vida de um policial do Distrito Federal. Será que eles são mais felizes do que todos os outros policiais do Brasil? A família é mais estruturada? Eu não sei quais são as respostas para todas essas perguntas, só sei que isso está virando um verdadeiro, clássico e complicado caso de polícia. Eu não sou policial e muito menos bombeiro, mas sei bem a polícia que queremos , uma polícia que nos proteja mas que também usufrua de decência e proteção.
Enfim, seja como for, enquanto a PEC não vem desejo a todos um bom domingo com 300 ovos de páscoa se for possível.
TABELA DE VENCIMENTOS DA PM DO DISTRITO FEDERAL – REF. 2008.
Coronel – 15.355,85
Tenente Coronel – 14.638,73
Major – 12.798,35
Capitão – 10.679.82
1º Tenente – 9.283,56
2º Tenente – 8.714,97
Aspirante – 7.499,80
Sub Tenente – 7.608,33
1º Sargento – 6.784,23
2º Sargento – 5.776,36
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