ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 5 de abril de 2011

FORÇA POLICIAL, PEÇA PEQUENA, MAS ESSENCIAL À JUSTIÇA


Um repórter pergunta ao policial sniper em posição no seu posto de comandamento no cume do morro, qual éra a sua função. A resposta foi - "sou uma pequena peça no sistema."

É verdade. Tirando a viseira e enxergando de forma ampla todo o sistema, verifica-se que os policiais são uma peçinha útil, mas muita pequena para atingir os objetivos propostos na Constituição Federal de 1988. A polícia faz só uma pequena parte envolvendo a prevenção e a contenção dos delitos - a parte inicial de todo o processo, ações e instrumentos de coação, justiça e cidadania que envolvem o "exercício da preservação da ORDEM PÚBLICA e da incolumidade da vida e do patrimônio do cidadão".

Apesar de não constarem no Capítulo IV (art. 127-135) - DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA - da Constituição Federal, juntamente com o Ministério Público, com a Advocacia-Geral e com a Defensoria Pública, as Forças Policiais são também funções essenciais à justiça na aplicação das leis, pois a partir delas são encaminhados os delitos, autores e partes envolvidas para posterior denúncia e processo judicial.

A polícia só faz a detenção da pessoa suspeita, pois para mandar prender, processar, julgar, condenar e determinar a execução penal, compete à autoridade judiciária - o juiz. Porém, a continuidade deste feito revela um poder judiciário distante, moroso, divergente, centralizador, burocrata, alternativo, contraditório, questionador das leis, corporativista, benevolente e não cumpridor da sua função precípua que é a aplicação coativa da lei.Há um ditado que diz - onde não há justiça, aparecem os bandidos, rebeldes e justiceiros.

Infelizmente, a constituição brasileira é plena de benevolências e privilégios corporativistas, orientada para defender a bandidagem e submeter o interesse público ao direito do indivíduo. Esta carta determina a burocracia e a lerdeza da justiça, já que centraliza o transitado em julgado nas cortes superiores, desmoralizando os tribunais regionais e desacreditando a justiça. Isto reforça a imagem de uma justiça favorável aos ricos e poderosos e complacente com o estado de insegurança, com as violações de Direitos Humanos dentro dos presídios e com a impunidade e violência que aterrorizam o Brasil.

Para denúnciar, há o MP que se pontifica como o instrumento da ação inicial que faz o Poder Judiciário trabalhar. Com esta razão, vem assumindo funções que são das polícias, organizando e liderando forças tarefas investigativas.

Para defender alguém acusado de crime ou preso pelos policiais, "existe" a Defensoria, completamente desestruturada e ausente na maioria dos municípios brasileiros.

Para tratar os drogados e os desvios mentais deviam existir centros de saúde pública, mas a saúde no Brasil vem sendo sucateada que não sobra nem leitos para o cidadão e pessoas morrem nas filas a espera de atendimento.

Para monitorar os apenados nos seus benefícios judiciais, o Estado deveria ter agentes para fazer este controle. Como este "departamento" não existe, ficam facilitadas as fraudes, as fugas, os álibis e os trabalhos fictícios controlados pelos próprios presos.

Apesar de exemplos negativos de corrupção e crimes, o brasileiro pode se orgulhar de ter policiais bravos e dedicados que arriscam a vida e a segurança familiar por salários miseráveis, treinamento mínimo, formação "a galope" e parcas condições de trabalho, enfrentando ocorrências de inopino, ambientes inóspitos e insalubres, armas de guerra, situações tensas, conflitos emocionais, estresse, vícios, despreparo, domínio territorial da bandidagem, poder financeiro do crime e uma rotina de prender sempre os mesmos. São eles que conseguem minimizar os efeitos da bandidagem que atua impunemente nas ruas, beneficiada por leis frouxas, justiça fraca e presídios caóticos.

As corporações polícias estaduais estão sofrendo um processo de desmanche, fracionamento e desvalorização que impedem uma ação policial integrada. O Brasil é o único país do mundo onde o ciclo policial - investigativo, pericial e ostensivo - não estão numa mesma polícia. A excessão é a polícia federal. Isto é um descalabro que concorre para a ineficácia e despreparo policial nas unidades federativas.

Um policial sniper, um policial anti-bomba, um policial ostensivo de rua, um policial adestrado para situações de alto-risco, um policial montado, um policial numa investigação arriscada, um policial cumprindo um mandato de busca, um perito a cata de provas para indiciar um bandido, são todos policiais cumprindo funções essenciais à justiça. Na realidade, os policiais são auxiliares da justiça na defesa do cidadão. Assim elas são consideradas nos EUA, no Uruguai e nos países europeus. Não estão a serviço exclusivo do poder político ou das forças armadas como alguns querem taxar.

Portanto, antes de criticar a polícia e seus agentes, a sociedade deveria questionar os Poderes de Estado:

- PODER EXECUTIVO - Que motivos o levam a não investir nas polícias e nos agentes policiais, a sucatear a saúde pública, a depreciar a educação e desprezar a política penitenciária prevista em lei? Com relação aos presídios, o Chefe do Poder Executivo deveria ser responsabilizado pela prática de crimes contra os direitos humanos, junto com os demais agentes públicos responsáveis pela criminosa execução penal.

- PODER LEGISLATIVO - O que move os parlamentares a manterem esta insegurança jurídica que vigora no Brasil em defesa da bandidagem, das improbidades, dos privilégios e das imoralidades? O arcabouço jurídico fomenta: cumprimento de apenas 1/6 da pena; penas alternativas facilitadoras da impunidade; regime aberto para álibis e fugas; centralização do transitado em julgado nas cortes superiores; distanciamento do justiça; formas impeditivas de coleta de provas; privilégios para os poderosos; indisciplina e ociosidade dentro dos presídios; burocracia nos processos e ligações; forças policiais em defesa do Estado ao invés de auxiliar da justiça; preservação da ordem pública sem envolver instrumentos de justiça, coação e cidadania; direitos utópicos; dispositivos não aplicados sem responsabilidade; emendas constitucionais alterando dispositivos originais e finalidade prevista pelo constituinte; impostos abusivos; e poderes agindo como se fossem separados do Estado.

- PODER JUDICIÁRIO - O que impede os magistrados de se levantarem contra as mazelas do Judiciário brasileiro que fomentam a desordem jurídica, as benevolências, a impunidade, a morosidade dos processos, a centralização nas cortes supremas, a desmoralização das decisões de primeiro e segundo grau, a dependência política, entre outras?

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