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segunda-feira, 25 de abril de 2011

REVOLTA E TIROS CONTRA A PM EM MORTE DE JOVEM

Morte e perseguição a policiais em saída de baile. Em represália a tiro que matou um jovem de 19 anos, prédio da BM é alvejado no norte do Estado - Marielise Ferreira, Zero Hora 25/04/2011

Um baile em comemoração à Páscoa acabou em morte em Entre Rios do Sul, no norte do Estado. Ao atender a um chamado de desordem em uma festa no salão paroquial, um policial atingiu com um tiro no peito o jovem Gabriel de Moura, 19 anos. Em represália, os policiais foram perseguidos, e o prédio da Brigada Militar (BM) foi perfurado por mais de 20 tiros.

A confusão teria começado por volta das 3h20min, na saída do baile. Os dois policiais de plantão no município de 3,1 mil habitantes foram chamados por moradores para intervir em uma briga. Ao chegar ao salão, viram três jovens armados com facas que brigavam na rua e seguiram o procedimento padrão de revistá-los. Mas outro grupo que estava saindo do baile passou a cercar os policiais.

Conforme o boletim de ocorrência, os policiais atiraram para o alto tentando conter a desordem, mas os homens continuaram avançando e um deles, Gabriel, teria ameaçado o policial com uma faca.

Para se defender, de acordo com a polícia, o PM atirou no peito do jovem. Gabriel chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu ao ferimento e morreu.

Policiais tiveram de pedir reforço de outros municípios

Vendo que os ânimos se acirravam, os policiais recuaram e fugiram para o prédio da BM, de onde pediram reforços para municípios vizinhos. Perseguidos por cerca de 30 homens, os PMs ficaram acuados, enquanto o prédio da BM era cravejado de balas.

– Da rua mesmo eles atiravam, tem (munição) de todos os calibres – contou um dos policiais.

Janelas e paredes da corporação ficaram perfurados pelas balas. A única viatura foi atingida. Após o ataque, os homens teriam se refugiado em um matagal. Durante todo o dia, a Polícia Civil ouviu testemunhas e tentou identificar os homens que atiraram contra o prédio da BM. Mais cinco policiais de outros municípios foram à cidade para reforçar a segurança.

A arma do policial militar que atirou no jovem foi apreendida, e ele, suspenso das atividades até que o caso seja esclarecido. Uma sindicância interna foi aberta. O nome do autor do tiro não foi divulgado pela polícia.

Família diz que Gabriel não estava mais no baile

Revoltados, os familiares de Gabriel Moura buscavam explicações para a tragédia que abreviou a vida do jovem. Os pais, Valdemar e Sueli, de Moura, não escondiam a tristeza pela perda do rapaz, que há dois anos trabalhava na construção civil em Erechim e ia para casa visitar os pais no fim de semana.

No bairro Tancredo Neves, zona pobre da cidade, os vizinhos tentavam consolar Sueli. Ela havia se despedido do filho na noite anterior, quando ele saiu com a namorada para ir ao baile. Conforme a família, Gabriel já havia deixado a namorada em casa e retornava para a casa da família quando passou em frente ao salão e acabou envolvido na confusão.

– Ele não estava com aquele grupo que tinha feito desordens no baile, nunca se meteu em confusão –contou o tio, Luis Carlos Trindade.

Conforme os familiares, Gabriel era torcedor do Inter e sonhava em ser jogador de futebol. Trabalhava para auxiliar a família e, conforme o tio, não tinha antecedentes.

– Aqui não tem lei, não tem segurança, atiraram à queima roupa no menino. Agora vamos ter que ter força para superar isso – salientou Trindade.

O corpo do rapaz será enterrado hoje, no cemitério municipal da cidade.


O que diz a BM - O que diz o Tenente Lorival Ribeiro da Silva, oficial de dia do 13º Batalhão de Polícia Militar: “Não há dúvida sobre a autoria do disparo, ele foi atingido pela arma de serviço da BM, uma pistola .40. O policial disse que atirou para se defender, que usou todos os meios para evitar o confronto, mas era final de baile, as pessoas estavam embriagadas, e ele não conseguiu contê-las. Vamos investigar o caso e identificar também as pessoas que atiraram contra o prédio da BM. Vamos manter o reforço porque, se tiveram esta reação, nada impede que tentem novamente”.

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