Coronel: 'Não é um carro mais luxuoso que o carro do governador, não'. 28 de abril de 2011 - O Estado de S.Paulo
O comandante-geral da Polícia Militar paulista, coronel Alvaro Batista Camilo, classifica os coronéis da PM como "executivos de polícia", o que justificaria a retomada, após mais de uma década, do uso de carros descaracterizados. Para ele, oficiais mais graduados da PM não podem perder tempo no atendimento de problemas "menores", como demandas de rua que aparecem no caminho dos coronéis em veículos com cores da PM.
A escolha pessoal do Captiva não foi, diz Camilo, opção pelo luxo, mas sim pelo conforto de quem, por necessidade do ofício, passa boa parte do dia sentado no veículo, entre um compromisso e outro. Ontem, o coronel falou ao Estado.
Por que um carro diferente do dos outros policiais?
Os carros dos dirigentes do órgão de Estado têm níveis diferentes. Posso escolher determinados veículos. Secretário, comandante-geral, delegado-geral. Os demais são carros operacionais de polícia. Por isso, a diferenciação. É o chefe do órgão.
O senhor não poderia escolher um veículo menos luxuoso?
Ele não é um veículo de luxo, especificamente. É um veículo que a gente escolheu pela posição. É robusto para ir a qualquer lugar. A agenda do comandante é extremamente atribulada. Vamos muito a campo.
A escolha foi por isso?
Saímos muito. Diferentemente de um executivo que pega o carro e vai para o trabalho e pronto e depois vai para um ou outro lugar. Estou constantemente nas operações, na rua, para cima e para baixo. A ideia foi comprar um carro em que você tivesse um pouquinho mais de conforto para ficar dentro do carro. Não por causa do conforto em termos de luxuosidade, mas da posição de sentar. E isso estou fazendo não só para o comandante-geral, estou fazendo para meus patrulheiros. Tanto é que você pode ver que já tem Hilux na Rota, Pajero no trânsito. Estamos escolhendo modelos de veículos que dão mais dignidade ao serviço policial. A preocupação não é específica para o comandante.
Não é distorção transitar em um carro mais luxuoso que o do governador?
De maneira nenhuma. Não é um carro mais luxuoso que o carro do governador, não.
Ele transita em um Vectra.
Não é um Vectra. Não lembro qual é o carro dele, mas é mais luxuoso que o meu, pode ter certeza. Estou usando assim, o secretário de Segurança está usando assim. É um modelo que escolhemos. Em alguns outros órgãos, também. Escolhemos pela posição que a gente fica dentro do carro. Ficamos muito tempo dentro do veículo.
Havia mais de dez anos a PM não dava carro descaracterizado a coronéis. Foi sua a decisão?
Foi. O tempo do comandante é muito precioso. Muitas vezes, ele era parado na via para resolver um problema menor, parado às vezes por alguém pedindo uma informação. O policial é policial 24 horas, seja comandante ou soldado, e ele vai atender. Às vezes, ele precisava estar em uma determinada operação com rapidez e, por ser executivo de polícia e ter decisões em que precisava estar presente, acabava chegando atrasado por causa disso ou até perdendo compromissos ou operações.
Por que executivo de polícia?
O comandante tem sob sua responsabilidade 4 mil a 5 mil homens e um orçamento que ele está cuidando. Ou seja, ele é um verdadeiro executivo de polícia e essas interrupções às vezes causavam problema, prejudicando o próprio cidadão. Ele é um comandante de polícia e acabava ficando ali uma ou duas horas atendendo a uma solicitação na rua até resolver o problema. A decisão nossa foi deixá-lo mais para as funções voltadas à gestão de polícia.
Comandante da PM diz que carros de luxo comprados para oficiais são "utilitários". Coronel Alvaro Batista Camilo não nega gasto de R$ 2,8 milhões para a compra de um Captiva e 61 vectras. Ele conversou com Vanessa Di Sevo e Leandro Modé.
http://www.estadao.com.br/interatividade/Multimidia/ShowAudios.action?destaque.idGuidSelect=AE62F6EBF33A490097E3B85512A4C919
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
sábado, 30 de abril de 2011
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