ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

JUSTICEIROS - A CORAGEM DE UMA CIDADÃ


A coragem de uma cidadã paulista - O GLOBO, 05/04/2011 às 16h55m - Jô Rodrigues

Na década de 60, o então presidente da França, general Charles de Gaulle (1890-1970), após visita ao nosso país, teria sapecado: "O Brasil não é um país sério". Certo ou errado, cabe a cada um opinar. Mas, cá entre nós, vez por outra surgem exemplos, aqui, nesta desacreditada terra tupiniquim, de cidadãos que contrariam o que teria sido dito pelo herói francês da Segunda Guerra Mundial.

Recentemente, mais precisamente em março, uma senhora residente na cidade paulista de Ferraz de Vasconcelos deu provas de que, se nosso país merece restrições, há cidadãos que o engrandecem e, que, muitas vezes, passam despercebidos. A referida senhora, estando no cemitério local, viu parar uma viatura da Polícia Militar e dela saírem dois policiais e um homem. Em dado momento, um dos policiais deu um tiro no peito do cidadão. Ela, do seu refúgio, viu e imediatamente ligou para a PM , denunciando o ocorrido.

Entretanto, o que mais chamou a atenção foi que a senhora - cuja identidade foi resguardada para que não sofresse represálias (e foi incluída no programa de proteção à testemunha) - descreveu toda a cena, até que viu os policiais caminharem em sua direção. Quando um deles abordou-a, ela, corajosamente, travou diálogo com ele e disse-lhe que, naquele momento, estava denunciando o fato à sua corporação.

O diálogo entre a senhora e os policiais, que foi gravado, mostrou que ainda existem pessoas que podem ser chamadas de cidadãs, num momento em que a sociedade brasileira carece de bons exemplos, particularmente oriundos dos políticos e daqueles que detêm o poder.

Os dois policiais, que executaram um suspeito de roubo, vão responder criminalmente por homicídio e também serão julgados pela Corregedoria da PM. A dupla, que está presa, pode ser expulsa da corporação.

O que ressalta desse episódio é que existem pessoas que colocam sua segurança em segundo lugar, e agem, corajosamente, pensando no país e nas instituições. Talvez não se possa crucificar os brasileiros que agem diferentemente dessa senhora paulista porque, diariamente, os órgãos da mídia mostram casos de como o Estado brasileiro é mal aparelhado no que diz respeito à proteção dos seus cidadãos. A senhora foi incluída no programa de proteção à testemunha, mas, mesmo esse programa não tem a confiabilidade que deveria e poderia ter. Até que ponto ela terá sua identidade resguardada e sua segurança pessoal, bem como a dos seus familiares, protegidas?

Os brasileiros se acostumaram, em vista dessa realidade, de evitar, sempre que possível, identificar-se quando presenciam algum delito, seja de que natureza for. Quantas vezes vemos, pela televisão e jornais, a pessoa esconder o rosto ou pedir para não ser identificada? Não é covardia. É medo mesmo.

Essa brava cidadã paulista, que encarou os dois policiais assassinos, nem de leve pensou em sua segurança e, bravamente, quando confrontada, continuou falando ao celular e fez questão de dizer que estava ligando para a Polícia Militar. Esse fato, com certeza, evitou que ela fosse eliminada ali mesmo. Afinal, se fosse, quem iria denunciar? Será que existem outros brasileiros como essa senhora-cidadã do interior paulista? Ah, se existissem...

LEIA SOBRE O CASO

http://mazelaspoliciais.blogspot.com/2011/04/justiceiros-testemunha-relata-no-190.html

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