ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A DIGNIDADE DO BICO

WANDERLEY SOARES, O SUL, REDE PAMPA, Porto Alegre, 06 de abril de 2011.

Somente salários dignos poderão proporcionar aos policiais momentos de lazer entre seus familiares e amigos.

Sobre a questão do bico, tantas vezes aqui abordada e que não tem a tolerância do comandante-geral da Brigada Militar, coronel Sérgio Roberto de Abreu, abro espaço para um depoimento do presidente da Asdep (Associação dos Delegados de Polícia do RS), o ex-deputado federal Wilson Müller Rodrigues, que também é jornalista.

Assim escreveu Müller: "Quando vejo um PM vestido à paisana e em suas horas de folga prestando serviço de segurança em uma empresa, casa comercial ou particular, sempre penso o seguinte: eis aí um homem honesto. Ao invés de desfrutar seus momentos de folga com a família e os amigos, este policial militar está completando seu modesto orçamento prestando serviço de segurança particular, de modo honrado, ainda que seu regulamento proíba. Pergunto: uma professora, seja municipal, estadual ou federal (todas mal pagas), estará cometendo infração ética ou funcional, em relação a seu ente empregador, quando ministra aulas particulares em seu momentos de folga para completar seu orçamento? A mesma pergunta vale, por exemplo, para o engenheiro, funcionário público, que elabora um projeto para cliente particular, do mesmo modo, o médico, o dentista, a diarista etc. Será que a ingenuidade ou a má fé não são capazes de compreender que um policial, se quiser ser desonesto, ganhará mais em uma tarde de atividade ilícita do que o outro trabalhando honestamente durante um mês? Mas esta questão do bico é fácil de resolver: pague-se aos policiais o que eles merecem, de modo a que suas horas de folga sejam utilizadas para o descanso e o lazer, assim como fazem todos aqueles que recebem, por conta do contribuinte, salários dignos?."

Mulher terrível

Ontem, quatro viaturas, dez agentes e um delegado, todos do Denarc, além de dois cães labradores (Brida e Dana), estiveram mobilizados para cercar e prender Ângela Teresinha Soares, de 37 anos, investigada por tráfico de drogas e com antecedente por homicídio. Ela estava foragida depois de ter sido decretada a sua prisão preventiva. Ângela costuma reagir a tiros contra a polícia, mas desta vez não teve chance. Com ela, a polícia apreendeu uma espingarda calibre 12, uma pistola, um carro Peugeot roubado, além de drogas. A operação foi realizada em Eldorado do Sul, no Parque das Acácias.

COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - Exatamente pela palavras do Delegado é que sou contra o BICO. Um homem honesto é obrigado a sacrificar horas de folga, o convívio familiar, sua saúde e sua segurança para agregar mais poder aquisitivo para a sua família. Sou contra o BICO e contra esta situação constrangedora a que se submetem os policiais. Sou contra o BICO por ser contrário à inércia do Estado que negligencia seus servidores policiais, atirando-os à insegurança de BICOS onde o risco de morte, de contrair vícios, de prejudicar a saúde e de ser aliciado refletem um potencial perigoso para quem dele precisa e precisará. O BICO ajuda um pouco a renda familiar, mas ajuda muito quem quer empregar o potencial individual do policial visando interesses escusos e ilegais. E é isto que o Estado está propiciando ao negar salários dignos por uma dedicação exclusiva de um profissional público muito diferenciado que é qualificado para defender a lei, a ordem, a paz social e a vida e o patrimônio do cidadão de bem.

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