DESCRENÇA - VÍTIMA INVESTIGA E DESCOBRE PARADEIRO DE PATRIMÔNIO ROUBADO

POR CONTA PRÓPRIA. Vítima de golpe rastreia bandidos - MARIELISE FERREIRA, ZERO HORA 09/04/2011

Vítima de um golpe, um morador de Paulo Bento, no norte do Estado, está há oito dias rastreando criminosos. Ademir Spada, 35 anos, luta por conta própria para conseguir de volta parte do patrimônio que perdeu para estelionatários.

No dia 1º, Spada, empreiteiro que trabalha com obras de pequeno porte, vendeu a sua retroescavadeira para poder comprar uma máquina nova. Recebeu dois cheques – um de R$ 18 mil e outro de R$ 4,5 mil – e um documento comprovando que o comprador fez um TED bancário em seu favor. Spada exigiu ainda um contrato registrado em cartório. Mas ao verificar o extrato bancário descobriu que havia sido enganado.

Tudo era falso: o selo do cartório, os cheques e o documento do TED. O CPF do comprador não existe, assim como o nome do golpista. Spada procurou a polícia em Erechim, mas com medo de nunca mais reaver sua retroescavadeira, resolveu investigar o caso.

Foi por meio de informações sobre um caminhão que transportou a retroescavadeira até Passo Fundo que ele começou a apuração. Passou por Passo Fundo, Carazinho, Vacaria, Lagoa Vermelha, sempre recebendo informações e ajuda de moradores.

Dentro do carro, homem faz vígilia em frente a oficina

Há três dias, após nova pista, seguiu de carro até Campos Novos (SC), onde encontrou a retroescavadeira guardada em uma oficina mecânica de outra suposta vítima.

– O homem aqui trocou um caminhão pela minha retroescavadeira, mas os bandidos já estão longe a esta hora – disse ele.

Em vigília, Spada fez do seu carro a cama, e não tira os olhos do local em que a máquina está guardada, uma oficina às margens da rodovia BR-282, com medo de que o veículo seja levado embora.

A Delegacia da Polícia Civil de Erechim instaurou inquérito para apurar o caso e pediu à Justiça, em liminar, um mandado de busca e apreensão da retroescavadeira, para que ela ficasse sob guarda judicial. No entanto, o pedido enviado no dia 6 não foi liberado ainda, e novos documentos que comprovariam o golpe foram solicitados.

No final da tarde de ontem, ainda sem solução, Spada contratou um advogado na cidade catarinense, que ingressaria com ação judicial para que a máquina seja apreendida.

– Eu estou consolado por ao menos ter encontrado a máquina, mas não arredo pé daqui, porque se sair nunca mais vou ver o que é meu – salienta.