ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A SINA POLICIAL

PAULO SANT’ANA - ZERO HORA 26/05/2011


Eu às vezes fico pensando no meu azar: não sei por que o Estado em que nasci é o que paga menos aos seus funcionários públicos e o clube pelo qual torço é justamente aquele que maiores dificuldades financeiras tem para formar um time à altura de sua tradição.

Neste caso do projeto que o governador Tarso Genro está enviando à Assembleia Legislativa, referente à previdência dos funcionários públicos gaúchos, recebi de várias entidades representativas de brigadianos muitas mensagens contrárias.

Mas o mérito do projeto esta coluna já discutiu. O que me importa agora é que os brigadianos declaram que não existe no Brasil nenhuma Polícia Militar que pague menos a seus servidores médios que a Brigada Militar.

Então, vejam que, entre 27 Estados brasileiros, os PMs que percebem os menores vencimentos são os gaúchos.

Porque, durante quase um século, os vencimentos dos brigadianos e, por conseguinte, dos policiais civis foram sempre miseráveis.

Eu sei disso porque meu pai foi oficial da Brigada Militar no século passado e o que percebia como salário era infamante: não dava para alimentar e vestir os seus filhos.

Foi sempre assim, gerações e gerações de policiais militares foram se sucedendo e nenhum governo pagou salários dignos aos brigadianos.

E agora me chega a notícia, pelas mãos dos próprios brigadianos, de que eles são os PMs pior pagos no Brasil.

Que sina! Que cruz!

Não dá para crer que Estados pobres como Alagoas, Paraíba e Piauí paguem melhor seus policiais que o Rio Grande do Sul.

Que desvario isso!

O tenente-coronel José Riccardi Guimarães, presidente da Associação dos Oficiais da BM, tem dito em seus discursos que os PMs gaúchos estão sempre com fome ou sono: os que não fazem bico estão com fome, os que fazem bico estão com sono e os que não fazem bico e não estão com fome não são bem encarados porque devem estar obtendo recursos de maneira ilícita.

Ninguém preconiza que os policiais gaúchos possam algum dia vir a ser ricos ou se equiparar às classes melhor remuneradas dos servidores estaduais.

Mas é brutal que, ao entrar para a Brigada Militar ou para a Polícia Civil, os policiais façam um voto de miséria.

Basta ser policial no RS para enfrentar as piores condições de vida impostas pelo salário indigno e a sobrevivência aviltante.

E, com essa inflação galopante que reajusta todos os dias os preços nos gêneros alimentícios e de sobrevivência básica, é urgente que o governo estadual se programe para conceder aumento de vencimentos aos policiais gaúchos.

Ou se prepare para a mais dramática crise salarial que já (sempre) viveram os nossos policiais.

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