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O artigo do PAULO SANT’ANA - A sina policial - publicado em Zero hora e postado aqui este blog é muito comovente.
Ao dizer que é seu "azar" nascer num Estado que paga "paga menos aos seus funcionários públicos" ele expressa o sentimento de muitos gaúchos que, mesmo bairristas, enxergam a forma nociva como é governado o nosso glorioso Estado que um dia se levantou contra aumento de impostos e usou a Brigada Militar guerreira em várias revoluções e conflitos políticos.
Sim. "Não existe no Brasil nenhuma Polícia Militar que pague menos a seus servidores médios que a Brigada Militar". É verdade também que "durante quase um século, os vencimentos dos brigadianos e, por conseguinte, dos policiais civis foram sempre miseráveis". Infelizmente. tudo é verdade.
Assim como o Santana, meu pai também foi soldado da Brigada Militar e criou sete filhos passando dificuldades com soldo miserável e uma tal de brisoleta que foi criada para pagar seus salários numa época de dificuldade do tesouro do Estado. Os comerciantes renegavam a aceitar a brisoleta, mas aceitavam a palavra e o caderno do brigadiano.E com a palavra e o caderno, eles alimentavam suas famílias.
Nas épocas das revoluções, muitos nem viam seus soldos, pelos bivaques e combates que tinham ao longo das jornadas. Eram movidos pela honra, pelo orgulho, pela tradição e pela história de bravura da corporação.
É...Santana. Mesmo assim "gerações e gerações de policiais militares foram se sucedendo e nenhum governo pagou salários dignos aos brigadianos", não havendo o contraditório porque a disciplina militar é muito rigorosa para com quem protesta e faz greve.
É também verdadeiro que "Estados pobres como Alagoas, Paraíba e Piauí paguem melhor seus policiais que o Rio Grande do Sul". Talvez lá os governantes não tem o mesmo descaso com a segurança pública e valorizam mais seus agentes policiais, assim como no Distrito Federal onde os salários são justos e se aproximam aos pagos para a Polícia Federal.
Policial nunca fez ou fará "voto de miséria", pois seu único voto está expresso no juramento que faz ao entrar para as Forças Policiais - "Defender a sociedade com a própria vida". Eles tem as mesmas necessidades de um cidadão ou servidor público público civil para sobreviver e manter uma família, mas o cidadão e servidor civil não são obrigados a arriscar a vida para defender seus semelhante; nem precisam portar e nem usar uma arma; não lhes são impostos mediar um conflito entre terceiros e nem precisam ir atrás de um bandido potencialmente perigoso ou entrar num local onde o perigo de morrer é constante. Para os agentes policiais a situação de risco é uma rotina na sua jornada de trabalho e fora dela (ele não perde a condição estando de folga) e aos familiares sobra a preocupação da volta, o estresse, a pressão, os vícios adquiridos no trabalho, o cuidado com as armas e a retaliação da bandidagem.
Os policiais são os únicos agentes públicos que arriscam a vida para prestar serviços à sociedade. Eles enfrentam armas de todos os calibres, inclusive de guerra como fuzis e granadas.
Eles têm de mediar conflitos, solucionar problemas familiares e encontrar soluções de inopino em assuntos de terceiros, como se não bastasse os deles próprios. Precisam estar preparados técnica, física e emocional para se manterem em alerta e perspicazes, justamente para não cometerem erros e perderem uma vida, inclusive a deles e de colegas. São adestrados no uso de armas e equipamentos de segurança de efeito letal.
E operam em regime espartano de forma consciente ou motivada pela estrutura militar para se adestrar e proporcionar as melhores condições de trabalho, apesar da insuficiência de efetivos, salários miseráveis, venda da folga e retrabalho que têm ao prender várias vezes sempre os mesmos que aterrorizam a sociedade e enfrentam a bala os policiais, oriundos de um sistema prisional falido ou liberados por uma justiça burocrata, alternativa e morosa que precisa seguir uma constituição esdrúxula e leis benevolentes elaboradas pelos políticos brasileiros.
Hoje, o mundo mudou. As Polícias Militares, assim como a Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, se transformaram em forças policiais ao lado das Polícias Civis e ambas cumprem, dentro dos Estados da federação, funções auxiliares da justiça, assim como fazem o Ministério Público e a Defensoria Pública. A sociedade não pode continuar tolerando este tratamento arcaico, discriminado, indigno e vergonhoso que sacrifica a vida dos policiais e bombeiros gaúchos e a harmonia de suas famílias, pois são eles os únicos instrumentos de Estado que estão 24 horas a disposição da população para toda e qualquer necessidade ou perigo de morte.
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