ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

SEGURANÇA PÚBLICA, ONDE ESTÁ O PROBLEMA?

OPINIÃO - Victor Bez Batti Bahia Vianna | Academico da 7ª fase do curso de direito da Unesc - A TRIBUNA, 18/05/2011 - http://www.atribunanet.com/

Os habitantes da cidade reclamam que não são devida e eficientemente atendidos quando acionam a Polícia Militar por alguma emergência que lhes aconteça. Ouve-se pelas ruas que determinado cidadão, após sofrer um acidente que culminou em lesão, teve que ser conduzido por populares ao pronto-socorro, pois, embora se tenha ligado mais de uma vez, nem Samu nem Corpo de Bombeiros atenderam a ocorrência, sob a alegação de que não havia ambulância disponível. Diversas vezes tocou o telefone em delegacias da Polícia Civil, com cidadãos do outro lado da linha desesperados por socorro, e o plantonista do respectivo distrito sai em socorro da vítima, deixando para trás um distrito fechado e com aviso na porta "plantonista em diligência, em caso de emergência, ligue para 190".

Movimentando alguns números, se percebe a disparidade na situação, a cidade de Criciúma possui perto dos duzentos mil habitantes. A Polícia Militar conta com efetivo entre 200 e 400 policiais, a Polícia Civil conta com pouco mais de 60, isso mesmo, 60 policiais entre agentes e delegados, piorando um pouco, o corpo de bombeiros conta com efetivo de pouco menos de 50 bombeiros militares e ainda assim, se consegue atender boa parte das ocorrências na cidade de Criciúma. Não há como, sem efetivo e sem estrutura, atender todas as ocorrências na cidade.

Comparando o efetivo das polícias e do Corpo de Bombeiros com o número de habitantes da cidade de Criciúma, vê-se que há uma grande disparidade, o que de certa forma vira covardia em que pese o grande número de ligações contra a capacidade de atendimentos, e como consequência disso, a reclamação de habitantes inconformados com a falta de efetivo.

Faltam viaturas e policiais para a Polícia Civil, falta efetivo no Corpo de Bombeiros, falta efetivo na Polícia Militar, ainda assim "na contramão da estimativa divulgada pela pesquisa Mapas da Violência 2011 - que apontou que a cada 50 mil homicídios ocorridos no país por ano, apenas 4 mil (8%) tem o autor (ou autores) descoberto e preso - a Polícia Civil de Santa Catarina mostra que o trabalho desenvolvido pelos seus policiais obtém índices de resolubilidade superiores, semelhantes a de países europeus, de Primeiro Mundo." (www.pc.sc.gov.br). Mesmo com a falta de estrutura a Polícia Civil faz o que se poderia chamar de milagre diante de tal estatística. Agora, pensemos o que aconteceria se a polícia tivesse a estrutura ideal com número de viaturas e policiais.

Hora do "empurra-empurra". A responsabilidade pelo fato da falta de estrutura, falta de policiais, bombeiros e socorristas, o caos em que nos encontramos com relação à segurança pública é de quem?

O preâmbulo da nossa Constituição afirma que o estado deve "assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna", o art 5° da mesma lei cita entre os direitos e garantias fundamentais ao indivíduo brasileiro a segurança.

Conforme art. 23 da mesma lei:

Art. 23. É competência comum da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios:
[...]
X - Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

O art. 144 do mesmo livro reforça e reafirma a responsabilidade do Estado para com a segurança.

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos.

Ainda assim se culpa as instituições de segurança pública pelo que acontece, ou não acontece, na nossa sociedade, quando na verdade, o que estas estão fazendo é apenas aquilo que lhes é possível fazer. Novamente coloco a pergunta no ar: de quem é a responsabilidade pela nossa segurança, no que tange as ocorrências não atendidas e pessoas não socorridas? Das instituições que fazem o possível e o impossível com aquilo que a estrutura permite? Ou daqueles que elegemos e que nos representam, mas que não possibilitam que tenhamos uma estrutura segura e eficiente?

Convido-os a pensar e refletir um pouco.

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