ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.

terça-feira, 17 de maio de 2011

A FARDA EM SEGUNDO PLANO



JORNADA COM BICOS - GISELE KRAMA- A NOTÍCIA, JOINVILLE, 16/05/2011

O salário considerado baixo por policiais leva alguns PMs a esticar a jornada com “bicos” em empresas privadas, o que pode comprometer a qualidade do trabalho nas ruas.

Um funcionário trabalha 12 ou 24 horas direto e depois do seu turno troca de roupa e parte para uma segunda jornada, chegando a ficar quase 72 horas sem dormir.

O motivo para tanto desgaste é conseguir um dinheiro a mais no final do mês. Este exemplo não se trata de um trabalhador comum, mas faz parte do dia a dia de diversos policiais militares de Joinville. A prática, além de ilegal, põe em risco a saúde dos servidores e a segurança das pessoas comuns.

Um policial que há dez anos está na Polícia Militar de Santa Catarina aceitou conversar com a reportagem na condição de ter o anonimato garantido. Ele não abre mão dos serviços fora do plantão porque, conta, compensa muito mais do que as horas extras como policial.

“É algo comum. Todo mundo sabe que todo mundo faz”, comenta. Não somente os colegas sabem, como criam uma rede para arranjar os trabalhos. “Há os que organizam e distribuem os serviços”, revela.

Os bicos são os mais variados. Há opções para trabalhar em casas noturnas, bares, postos de combustíveis, indústrias, relojoarias e lojas de shopping. Mas o mais rentável são as escoltas de caminhões ou de valores, onde se chega a faturar R$ 250 por dia.

O comando da 5ª Região, responsável por Joinville, afirma não saber destes casos. Segundo o coronel Cantalício Oliveira, nenhum funcionário público, seja policial militar ou não, pode trabalhar fora das instituições, exceto no magistério e na área de saúde. “Não é comum recebermos estas denúncias”, diz o coronel.

Para a Associação de Praças de Santa Catarina (Aprasc), a solução para o problema está relacionada diretamente à questão salarial. “Na teoria é proibido, mas o Estado é conivente. É intencional porque não precisa (com os “bicos”) dar aumento para os policiais. Se eles não fizerem estes trabalhos fora, passam fome”, afirma o vice-presidente da regional Norte da associação, Elisandro Lotin.


COMENTÁRIO DO BENGOCHEA - O descaso dos governantes instalados nos três Poderes para com as forças policiais é ameaçador. O Estado está perdendo seus policiais da ativa para o serviço privado, para a corrupção e para o crime organizado. Não estou sendo alarmista, pois só não vê quem não quer ver. Profissionais no uso de armas e técnicas policiais e militares estão sendo cooptados pelo interesse privado.

Desmotivados pelas mazelas do sistema e desvalorizados pelos salários miseráveis pagos para arriscarem a vida no combate ao crime, alguns policiais ostensivos estão dando mais importância ao "bico"; trocando a folga e o lazer por trabalho; se estressando com a jornada intensiva e busca de soluções financeiras; criando graves conflitos familiares; abrindo portas para doenças e vícios; e se ausentando voluntariamente das ruas.

Em contrapartida, a justiça e a sociedade recebem seus serviços de forma truculenta, morosa, imediatista, superficial e inoperante.

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