Greve de PMs e bombeiros paralisa aeroporto de Alagoas - 11/05/2011 - Odilon Rios, O Globo, GazetaWeb
MACEIÓ - Uma greve de 48 horas dos policiais militares de Alagoas paralisou o aeroporto internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió, nesta quarta-feira. Não há decolagens e os voos estão sendo desviados para os aeroportos de Pernambuco, Sergipe e Salvador. Os voos foram suspensos porque não há bombeiros no aeroporto. A Infraero requisitou uma equipe do grupamento de incêndio da Bahia, que deve seguir para Alagoas enquanto os bombeiros estiverem em greve. Os PMs só devem retornar ao trabalho na sexta-feira.
Os policiais civis estão em greve há duas semanas e a crise na segurança pública de Alagoas piorou ontem, depois que os deputados estaduais aumentaram os próprios salários em 109%, derrubando um veto de janeiro do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), contrário ao aumento. O salário de cada um dos 27 deputados passou de R$ 9.600 para R$ 20 mil. A votação foi secreta e apenas um deputado votou contra. Eram esperados dois votos contra, da oposição, o que não ocorreu.
Na tarde desta terça-feira, os PMs resolveram cruzar os braços por dois dias e os bombeiros, que também são PMs, aderiram. No 1º Gupamento Bombeiro Militar, localizado no bairro do Tabuleiro do Martins, apenas dois homens estão de serviço. Os outros 10, que deveriam estar na escala, cruzaram os braços. No aeroporto, os bombeiros simplesmente não apareceram.
- Pousar ou não no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares é uma decisão que só cabe ao comandante da aeronave. As normas internacionais exigem que um avião só pouse com uma equipe do Corpo de Bombeiros a postos, para agir numa necessidade. Entretanto, se um comandante decidir pousar, a responsabilidade é dele - disse Adilsom Pereira, superintendente da Infraero em Alagoas.
Nesta terça-feira, os policiais militares ameaçaram invadir a Assembleia Legislativa do estado. Uma bomba de efeito moral rachou um vidro do prédio. O clima é de animosidade depois que a Secretaria de Comunicação do governo de Alagoas divulgou uma nota classificando os PMs como "vândalos".
Em entrevista a Rádio Gazeta de Alagoas, na manhã desta quarta-feira, o presidente da Associação dos Oficiais Militares de Alagoas, major Wellington Fragoso, informou que uma grande parte dos bombeiros aderiu ao movimento de paralisação de 48 horas, decretado em assembleia na tarde de ontem.
- Quero dizer que não somos vândalos, e sim, trabalhadores lutando por seus direitos. Vândalo é aquele que desrespeita a democracia, que desrespeita os direitos do trabalhador, que não cumpre as decisões judiciais. É preciso deixar claro à população que nós não queremos causar o caos em Alagoas. Pelo contrário, nosso objetivo é acabar com o caos que se instalou aqui - disse Fragoso.
O governo do estado deve divulgar uma nova nota, mas ela ainda está sendo elaborada. A nota anterior não teria passado pelo crivo do governador.
Apenas 30% das delegacias de Alagoas estão funcionando e os policiais civis pedem aumento de salário. Ele querem equiparação com os delegados em início de carreira, que recebem R$ 7 mil. Os policiais militares querem o cumprimento de um plano de cargos e carreiras, que também deve resultar em aumento salarial.
A Policia exerce função essencial à justiça. Não é instrumento político-partidário. A segregação pela justiça e a ingerência partidária em questões técnicas e de carreira dificultam os esforços dos gestores e operadores de polícia, criam animosidade, desviam efetivos e reduzem a eficácia e a confiança do cidadão nas leis, na polícia e no sistema de justiça criminal que, no Estado Democrático de Direito, garante a ordem pública e os direitos da população à justiça e segurança pública.
ALERTA: A criminalidade e a violência crescem de forma assustadora no Brasil. Os policiais estão prendendo mais e aprendendo muitas armas de guerra e toneladas de drogas. A morte e a perda de acessibilidade são riscos presentes numa rotina estressante de retrabalho e sem continuidade na justiça. Entretanto, os governantes não reconhecem o esforço e o sacrifício, pagam mal, discriminam, enfraquecem e segmentam o ciclo policial. Os policiais sofrem com descaso, políticas imediatistas, ingerência partidária, formação insuficiente, treinamento precário, falta de previsão orçamentária, corrupção, ingerência política, aliciamento, "bicos" inseguros, conflitos, autoridade fraca, sistema criminal inoperante, insegurança jurídica, desvios de função, disparidades salariais, más condições de trabalho, leis benevolentes, falência prisional, morosidade dos processos, leniência do judiciário e impunidade que inutilizam o esforço policial e ameaçam a paz social.
quarta-feira, 11 de maio de 2011
SALÁRIOS BAIXOS - GREVE DE PMs E BOMBEIROS PARALISA AEROPORTO INTERNACIONAL
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